O Tuxaua Genival Costa da Silva, 30, da comunidade do Contão, se responsabilizou ontem pela detenção dos religiosos Ronildo Pinto França, César Avellaneda e Juan Carlos Martinez, ocorrida há duas semanas na Missão Surumu, durante as manifestações contrárias à homologação da Raposa/Serra do Sol. Ele foi convocado pela Polícia Federal para prestar depoimento na próxima quinta-feira, 22, mas pediu prorrogação do seu interrogatório para o dia 29, pois o seu advogado Luiz Valdemar Albrecht se encontra em Brasília.
Ao assumir a autoria do "seqüestro" dos padres ele isenta a prefeita de Uiramutã, Florany Mota (PT), de qualquer participação no episódio. Ela é acusada de ter fornecido um caminhão pertencente à prefeitura para a ação dos índios que fizeram os religiosos como reféns, com o objetivo de chamar a atenção do Governo Federal para a presença de estrangeiros na região da Raposa/Serra do Sol.
"Tudo o que está sendo divulgado pelo CIR (Conselho Indígena de Roraima), pelo CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e pela Diocese de Roraima são inverdades", disparou Genival Costa. "Eu desafio a Diocese a apresentar provas de que houve a participação da prefeita na retenção dos padres, porque quem coordenou tudo fui eu junto com um conselho de 15 tuxauas", acrescentou.
O líder indígena disse, ainda, que o caminhão supostamente utilizado no "seqüestro" dos religiosos ficou preso na barreira montada pelos manifestantes, a uma distância considerável do lugar onde os missionários foram detidos.
Genival Costa contou que a detenção dos padres pelos índios contrários à homologação da reserva indígena em área contínua, aconteceu por volta das 4h, do dia seis. O caminhão foi detido às 8h, na barreira montada pelos manifestantes, à altura da ponte que dá acesso à maloca do Contão, conforme disse o tuxaua. "Do lugar onde capturamos os missionários até o local onde o carro ficou preso, não daria tempo de deslocamento, até porque chegamos da Missão Surumu à maloca do Contão depois das 5h", lembrou.
Ele reafirmou que o objetivo da detenção dos missionários foi chamar a atenção do governo brasileiro para a presença de estrangeiros na área pretendida. "A nossa intenção, ao fazermos os três religiosos como reféns, era mostrar para o Brasil inteiro que existem estrangeiros inseridos na Raposa/Serra do Sol com o objetivo de influenciar a homologação da reserva em área única", afirmou.
O tuxaua também negou que tenha havido qualquer tipo de tortura contra os missionários. Uma prova disso - diz ele - é que mesmo estando como reféns, os religiosos participaram de um programa da Radiobrás por telefone, dizendo que estavam bem. "Com isso eles desmentiram a própria Igreja e o Cir, que fizeram circular, naquela ocasião, a versão de que os religiosos estavam sendo torturados fisicamente", observou.
PIB:Roraima/Lavrado
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