Os membros da Comissão Externa da Câmara acreditam que poderão conscientizar o Governo a 'ser justo'
Os deputados ficaram surpresos com o que ouviram e preocupados com as consequências de uma decisão que não atenda a todos os interesses
Lideranças indígenas, políticos, rizicultores, enfim, representantes de vários segmentos expuseram ontem o que pensam sobre a questão
Pelas declarações dadas ontem aos representantes de vários segmentos da sociedade roraimense, em audiência pública na Assembléia Legislativa, os deputados que integram a Comissão Externa da Câmara deixaram clara a preocupação com a possibilidade do Governo homologar a reserva indígena Raposa/Serra do Sol de forma contínua.
Eles ouviram ontem depoimentos de políticos roraimenses, líderes indígenas, produtores, colonos, rizicultores e representantes do Governo Estadual, quanto à questão.
O presidente da Sodiur, Silvestre Leocádio, disse que os índios não querem sofrer um processo regressivo. Pelo contrário, querem ter os mesmos direitos dos não índios.
"Queremos educar nossos filhos e gozar dos privilégios que são oferecidos pela tecnologia moderna. Nossos filhos têm esse direito de estudar e amanhã se transformarem em políticos e executivos. Queremos, também, ser patrões", disse Silvestre Leocádio.
Diante desse depoimento, o deputado federal Asdrúbal Bento do (PMDB), reconheceu que a questão merece uma análise mais profunda, principalmente o laudo antropológico que apresenta erros primários.
Asdrúbal Bento disse que espera contribuir com a sua experiência, pois é um advogado acostumado a lidar com essas situações.
"Durante os meus mandatos parlamentares tenho lutado para modificar os atos do executivo federal que ao longo dos anos vem prejudicando o desenvolvimento dos estados do Norte. Se visualizarmos o laudo, vamos notar de imediato a irresponsabilidade desse órgão chamado Funai, que nem mesmo os índios querem a sua tutela" condena.
Já o deputado Luiz Carlos Heins (PP-RS) identificou informações que considerou grosseiras, como as de que existem em cerca 43 mil índios nas reservas, e dados do IBGE revelam a existência de 25 mil índios, quase a metade dos números fornecidos pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR). Para ele, existem contradições nas informações que precisam ser investigadas.
CIR ausente
Eduardo Valverde (PT-RO) lembrou que não dá para resolver o problema excluindo os índios que querem viver de forma primitiva, e nem tampouco os que querem continuar o relacionamento com os não índios. Ele acha que as desinformações fazem com que às vezes sejam tomadas medidas radicais. Porém, acredita que a visita da Comissão conhecendo "in loco" a situação, poderá esclarecer fatos importantes para a sociedade brasileira. Ele criticou a ausência dos representantes do CIR, Incra, Funai e da Igreja para discutirem o assunto na audiência pública.
PIB:Roraima/Lavrado
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