A nomeação da antropóloga e demógrafa Marta Maria Azevedo, ocorrida em 20/4, foi publicada hoje, 23/4, no Diário Oficial da União. 33ª presidente do órgão, ela entra para essa galeria como a primeira mulher a ocupar o cargo. Substitui Márcio Meira que deixa a presidência da Funai depois de cinco anos para ser assessor especial do Ministério da Educação.
Professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) onde atua como pesquisadora e coordenadora associada do Núcleo de Estudos de População (Nepo) e como docente do Programa de Pós-Graduação em Demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), Marta Maria do Amaral Azevedo é antropóloga e demógrafa. Nascida em 1955, em São Paulo, formou-se em Ciências Sociais em 1978 pela Universidade de São Paulo (USP).
Desde a juventude interessou-se pelas questões indígenas e decidiu trabalhar com Antropologia em meados da década de 1970. "Minha primeira experiência em campo foi em 1978 junto aos Guarani Kaiowá. Trabalhei com educação escolar indígena, justamente porque era isso que as comunidades estavam demandando. Precisei aprender um pouco da língua guarani e fui estagiar em um projeto no Paraguai, onde conheci vários antropólogos que já estavam trabalhando há alguns anos com esses povos", conta Marta sobre a experiência na Terra Indígena Takuapiry (MS).
Em 1980 integrava o grupo de Educação Indígena da Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP) e atuava como colaboradora do Programa Povos Indígenas no Brasil do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI). Também foi colaboradora do ISA, do Núcleo de História Indígena e do Indigenismo da Universidade de São Paulo - onde ajudou a fundar o Grupo Mari de Educação Indígena - e do Conselho Indigenista Missionário, no início da década de 1990.
Suas investigações envolvem a demografia dos povos indígenas, tratando de temas como educação indígena, segurança alimentar e saúde das mulheres indígenas e indicadores de qualidade de vida desses povos. Também integra o grupo de pesquisa sobre Saúde e Meio Ambiente, da Universidade Federal de São Paulo, e é membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep).
Demografia dos povos indígenas
Seu interesse por pesquisar demografia dos povos indígenas veio de uma demanda da Federação das Organizações Indígenas no Rio Negro (Foirn) e das associações indígenas a ela filiadas, em 1992. A Foirn a convidou a assessorar um curso para as lideranças das associações filiadas, do qual resultou o projeto de Censo Autônomo, realizado no mesmo ano e concluído com a produção de um banco de dados, em 1994. Os povos do noroeste amazônico foram seus interlocutores na produção da tese de doutorado defendida em 2003, na Unicamp, um dos primeiros trabalhos no Brasil sobre demografia dos povos indígenas.
Recentemente, participou do processo de discussão sobre as perguntas do Censo Demográfico de 2010. O trabalho foi iniciado em 2001, com apoio da Abep, com a criação de um Comitê de Demografia dos Povos Indígenas - que se transformou no Grupo de Trabalho Demografia dos Povos Indígenas. Em conjunto com o IBGE, uma equipe de demógrafos e especialistas de várias e diferentes instituições, incluindo a Funai, aprimorou a coleta das informações sobre os povos indígenas nos censos brasileiros. Assim, em 2010, o IBGE coletou informações sobre etnias/povos e línguas faladas, além de ter sua base cartográfica sobre as Terras Indígenas atualizada em parceria com a Funai.
Entre seus trabalhos destaca-se um laudo antropológico para o Ministério da Justiça, de 1991, sobre a questão do suicídio entre os Kaiowá. Entre 1999 e 2002, foi consultora do Ministério da Educação para a realização do Censo Nacional das Escolas Indígenas. Coorganizadora do livro Demografia dos Povos Indígenas no Brasil, publicado pela Abep e pela Fiocruz, Marta integrava atualmente um subprojeto sobre a presença Guarani no Estado de São Paulo, no projeto temático Observatório das Migrações em São Paulo, sediado no Nepo.
http://www.socioambiental.org/noticias/nsa/detalhe?id=3533
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- TI Taquaperi
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