Índios decidem voltar para aldeia após protesto de dois dias em Canaã dos Carajás

O Liberal-Belém-PA - 05/08/2004
Depois de quase 48 horas acampados às proximidades da portaria do projeto "Sossego", em Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, índios da tribo xikrin do cateté resolveram voltar para a aldeia, na manhã de ontem. A manifestação visava forçar uma reunião com executivos da Companhia Vale do Rio Doce, o que acabou acontecendo na manhã de ontem. Depois do encontro, os índios desmobilizaram o acampamento e voltaram para a reserva, que fica na Serra dos Carajás.

Desde o início da semana os índios exigiam a reunião, sob ameaça de interditarem o acesso para a mina de cobre. Os índios alegam que o projeto está em área onde no passado já foi reserva dos xicrin e que a mina está justamente sob um cemitério da tribo. Através desse argumento, os índios pretendiam arrancar mais dinheiro da Vale do Rio Doce, que executa o projeto.

"Eles só queriam uma reunião com a Vale", confirmou ontem pela manhã o gerente regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Eimar Araújo. Ele esteve na reunião em que participaram representantes da Vale, dos índios e a procuradora da República Vanessa Previtera dos Santos. De acordo com Eimar, os índios queriam saber se eles tinham direito a algum tipo de indenização, pelo fato da empresa estar explorando cobre sobre um antigo cemitério do gtrupo. O gerente da Funai adianta que somente um estudo antropológico ou arqueológico vai determinar se há algum cemitério na área do projeto.

Os índios aproveitaram a reunião para apresentar outras reivindicações. Entre outras, que a Vale construa novas casas na reserva indígena, hoje dividida em duas aldeias. Os índios alegaram, segundo Eimar, que novas famílias estão se formando e muitas estão dividindo casas já que não houve a construção de novas residências. O gerente da Funai não soube determinar a demanda de famílias que estão necessitando de abrigos.

Outra reivindicação apresentada pelos índios diz respeito à dívidas que a aldeia garante ter no comércio de Marabá, estando sem condições de saldar esse débito. Eimar Araújo também não sou precisar o montante dessa dívida.

O gerente da Funai disse que para o exercício deste ano, a Vale não pode atender as reivindicações. Todo o planejamento financeiro previsto para 2004 em relação às nações indígenas da região já foi fechado, inclusive com a aprovação da própria Funai, reconhece Eimar. "Qualquer nova demanda de recurso tem que ser colocada na programação do ano que vem", afirmou o gerente.
PIB:Sudeste do Pará

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