Depois de quase 48 horas acampados às proximidades da portaria do projeto "Sossego", em Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, índios da tribo xikrin do cateté resolveram voltar para a aldeia, na manhã de ontem. A manifestação visava forçar uma reunião com executivos da Companhia Vale do Rio Doce, o que acabou acontecendo na manhã de ontem. Depois do encontro, os índios desmobilizaram o acampamento e voltaram para a reserva, que fica na Serra dos Carajás.
Desde o início da semana os índios exigiam a reunião, sob ameaça de interditarem o acesso para a mina de cobre. Os índios alegam que o projeto está em área onde no passado já foi reserva dos xicrin e que a mina está justamente sob um cemitério da tribo. Através desse argumento, os índios pretendiam arrancar mais dinheiro da Vale do Rio Doce, que executa o projeto.
"Eles só queriam uma reunião com a Vale", confirmou ontem pela manhã o gerente regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Eimar Araújo. Ele esteve na reunião em que participaram representantes da Vale, dos índios e a procuradora da República Vanessa Previtera dos Santos. De acordo com Eimar, os índios queriam saber se eles tinham direito a algum tipo de indenização, pelo fato da empresa estar explorando cobre sobre um antigo cemitério do gtrupo. O gerente da Funai adianta que somente um estudo antropológico ou arqueológico vai determinar se há algum cemitério na área do projeto.
Os índios aproveitaram a reunião para apresentar outras reivindicações. Entre outras, que a Vale construa novas casas na reserva indígena, hoje dividida em duas aldeias. Os índios alegaram, segundo Eimar, que novas famílias estão se formando e muitas estão dividindo casas já que não houve a construção de novas residências. O gerente da Funai não soube determinar a demanda de famílias que estão necessitando de abrigos.
Outra reivindicação apresentada pelos índios diz respeito à dívidas que a aldeia garante ter no comércio de Marabá, estando sem condições de saldar esse débito. Eimar Araújo também não sou precisar o montante dessa dívida.
O gerente da Funai disse que para o exercício deste ano, a Vale não pode atender as reivindicações. Todo o planejamento financeiro previsto para 2004 em relação às nações indígenas da região já foi fechado, inclusive com a aprovação da própria Funai, reconhece Eimar. "Qualquer nova demanda de recurso tem que ser colocada na programação do ano que vem", afirmou o gerente.
PIB:Sudeste do Pará
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- TI Xikrin do Cateté
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