Índios impedem servidores de fiscalizar local de votação

O juiz eleitoral de Juína (35ª Zona), Luis Otávio Pereira Marques, tem uma "dor de cabeça": eleitores em pé de guerra. São 301 índios Zoró, que este ano ganharam o direito de votar em seção instalada dentro da aldeia. Só que agora, por problemas alheios às eleições, nem Funai e nem a Justiça Eleitoral estão conseguindo entrar na Terra Indígena Zoró.

Dois servidores do Cartório Eleitoral tinham sido designados por Luis Otávio para realizarem vistoria naquele local de votação, a fim de confirmar a existência dos eleitores. O juiz investiga o eleitorado de Rondolândia, onde existem mais eleitores que habitantes. As aldeias da Terra Indígena Zoró estão localizadas dentro do território desse município.

Quando se preparavam para visitar o local de votação, os servidores foram informados de que o clima no local é de tensão, conforme definição do responsável pelo núcleo de apoio da Funai no município de Ji-Paraná (RO), Vicente Filho.

Em ofício datado de 9 de agosto, enviado ao juiz de Juína, Vicente informou que um índio tinha sido baleado naquele mesmo dia e que o responsável pelo acidente tinha sido um colaborador da própria Funai. Por isso, não era recomendável o envio de pessoas estranhas para a aldeia. A Funai também estava providenciando a retirada de outro servidor que se encontrava na aldeia.

Para não prejudicar a investigação, Luis Otávio teve que solicitar a confirmação da existência dos eleitores índios junto ao responsável pelo núcleo de apoio da Funai de Ji-Paraná, enviando-lhe a lista de inscritos na respectiva seção eleitoral.

O juiz determinou, há cerca de 30 dias, que fossem confirmados os domicílios de cerca de 1.900 eleitores de Rondolândia (quem solicitou inscrição a partir de 1o de janeiro de 2000), para apurar transferência irregular de eleitores. Quem não fosse encontrado será impedido de votar. Rondolândia possui 3.292 eleitores

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