No Portal de Apicuí a mensagem repetida aparentemente para ficar como a primeira, com destaque, é uma clara incitação contra o Coordenador Regional da Funai, Ivã Bocchini, já a partir do "CADÊ ELE?", do nome em caixa alta, da foto e da legenda. E isso embora o texto cujo endereço é citado pelo Portal (Morre Ivan Tenharim, que acabamos de republicar) em nada incite a qualquer tipo de violência.
Aliás, isso é claramente apontado no segundo comentário na reprodução ao lado (imagens no link final da notícia) , de Roberta Amaral Guarani Kaiowá, que reproduzo na íntegra aqui, por ter ficado cortado na imagem:
"Repudio e lamento imensamente que o Portal Apuí, um dos poucos meios de "informação" que as pessoas tem no município e região, tenha a mesma postura que condena, com um agravante: enquanto que no Blog o relato é de perda e indignação (e em nenhum momento ele acusa ninguém ou incita os indígenas a nada), esse Portal faz uma acusação descarada e incita ainda mais a violência que já paira sobre a cidade e sobre os indígenas. A lógica é essa então? se a violência aumentar, posso dizer que o Portal do Apuí é o responsável, por esse post ignorante".
"Repudio e lamento imensamente que o Portal Apuí, um dos poucos meios de "informação" que as pessoas tem no município e região, tenha a mesma postura que condena, com um agravante: enquanto que no Blog o relato é de perda e indignação (e em nenhum momento ele acusa ninguém ou incita os indígenas a nada), esse Portal faz uma acusação descarada e incita ainda mais a violência que já paira sobre a cidade e sobre os indígenas. A lógica é essa então? se a violência aumentar, posso dizer que o Portal do Apuí é o responsável, por esse post ignorante".
E não só a violência aumentou, como continuou a ser alimentada. Por volta das 3 da madrugada, bem depois da primeira publicação do post citado ao lado, o Portal escrevia:
"A manifestação começou com a interdição da balsa que faz a travessia do Rio Madeira e seguiu pacificamente até a tarde de quarta-feira quando a polícia militar e o exército tentou atravessar levando cerca de 65 indígenas que ficaram retidos em Humaitá e dois caminhões com mantimentos para as tribos.
Revoltados os manifestantes seguiram para o prédio da FUNAI que estava protegido pela polícia. A polícia reagiu com bombas de efeito moral e bala de borracha. Os manifestantes se defenderam com placas de publicidade e enfrentaram a polícia que recuou.
(I)inicialmente eram cerca de 200 manifestantes, mas em pouco tempo cerca de cinco mil. Eles incendiaram o prédio da FUNAI e da SAÚDE INDÍGENA. Queimaram cerca de 15 carros, uma lancha e um barco".
Ao final e chamando a atenção para a notícia, a foto de um dos carros incendiados, antecedendo os comentários, na maioria absoluta anti-indígenas.
Ao longo do dia e principalmente à noite, a caminhada da multidão para o prédio da Funai, a invasão ("Manifestantes tentam invadir sede da FUNAI em HUMAITÁ agora à noite. Alguns CARROS já foram incendiados.") e os detalhes do incêndio foram acompanhados e divulgados passo a passo. Poucas pessoas buscavam serenar os ânimos, nos comentários. Muito ao contrário, a raiva e o preconceito cresciam cada vez mais. Os dois comentários de Roberta Amaral se perderam em maio ao resto. E as informações postadas só contribuíam para isso:
Acabo de fazer uma última visita ao Portal Apuí. Muitos dos posts acima, além de vários outros, documentando a violência de ontem foram repetidos, mantendo viva a questão e, quem sabe, até mesmo ajudando a aumentar a 'temperatura ambiente'. Como primeira postagem na página, agora, a que deixo abaixo. Me parece desnecessário comentá-la, considerando inclusive os comentários. Agora: se a violência continuar aumentando na cidade, qual a responsabilidade desse Portal em tudo isso?
http://racismoambiental.net.br/2013/12/violencia-em-humaita-no-facebook-mensagens-de-ameaca-aos-povos-indigenas-e-incitacao-a-violencia/
PIB:Tapajós/Madeira
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