Carta Capital/Negro belchior - http://negrobelchior.cartacapital.com.br - 31/01/2014
A luta cotidiana pela sobrevivência, por dignidade e pela manutenção da cultura é algo presente há séculos na vida da população originária do território "brasileiro".
A história de resistência indígena da aldeia guarani Tekoa Ytu é mais um dos muitos exemplos em que a desfaçatez e a ganância dos cara-pálidas, donos do poder econômico e político, se faz presente. E há mais de 500 anos!
Conheça essa história na bonita reportagem de Renata Moraes.
Aos que puderem colaborar com a luta indígena no Jaraguá, em SP, o contato pode ser feito com o Professor de História e liderança indígena David Martim:
Nativos buscam a preservação de suas raízes e clamam pela demarcação das terras da aldeia guarani Tekoa Ytu, localizada na Estrada Turística do Jaraguá, em São Paulo.
Por Renata Moraes
Na manhã do domingo 26, em uma atividade proposta pelo Centro Cultural da Juventude ( CCJ), localizado na Vila Cachoeirinha, um grupo de 70 pessoas visitou a aldeia indígena Tekoa Ytu, situada no Jaraguá, próximo ao Parque Estadual.
A atividade foi sugerida e idealizada pela jovem monitora juvenil do CCJ, Juliana Queiroz dos Santos, Filósofa e militante da causa.
Presente na cidade desde 1964, a aldeia guarani Tekoa Ytu (que significa "tribo da cachoeira" ) foi cortada ao meio pela Estrada Turística do Jaraguá e hoje se divide em duas aldeias, sendo a "de cima" ainda sem a demarcação da terra. A maior luta é o reconhecimento da parte de cima da aldeia como terra indígena.
"A falta da demarcação de terras nos impede de dar continuidade aos projetos da aldeia e compromete o futuro de nossas crianças", expressou o jovem Cacique Vitor Fernando Soares, que em guarani se chama Carai Mirim.
Em 1987 o Governo Federal demarcou apenas a parte baixa da aldeia e desde então eles aguardam o Ministério da Justiça expedir a portaria declaratória, reconhecendo o local como território tradicional indígena. A última etapa é a homologação pela Presidência da República.
Em vez de ocas, há casas de pau a pique e barracas improvisadas onde vivem cerca de 180 famílias com aproximadamente 800 pessoas, sendo quase metade deste número de crianças e adolescentes que sobrevivem em condições precárias. Há lixo por várias partes, a rede de esgoto não funciona e o rio que já foi limpo e fonte de sustento, por meio da pesca está poluído. Sem contar com o grande número de cães e gatos que são abandonados ali por moradores dos arredores.
A comunidade sobrevive de benefícios do Governo, das doações de alimentos de organizações não governamentais, com a ajuda da população local e também da venda de seus artesanatos. A aldeia possui duas escolas nas quais crianças são alfabetizadas nas duas línguas: Português e Guarani. E também há uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
Para o professor de história, Davi Martim, é uma alegria receber os visitantes: "Nós costumamos receber as pessoas de uma forma harmoniosa em nossa aldeia, pois vivemos assim, e essa visita proporciona uma maior integração entre o índio e o homem branco, desmistificando e quebrando paradigmas. E é importante também para as pessoas conhecerem suas origens, muitos tem descendência indígena e não conhecem a cultura."
Durante a visita os participantes tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da cultura indígena, seus valores e suas crenças. Na casa da reza, local de oração em que os índios fazem suas preces todas as noites, eles puderam presenciar um canto de agradecimento pelos bens e frutos que a natureza oferece.
Para a jovem estudante Louise De Villio, 20, a atividade gerou reflexão: "Com a visita aprendi que políticas publicas não têm que só subir o morro ou sair do asfalto, mas têm que entrar na mata também."
http://negrobelchior.cartacapital.com.br/2014/01/29/populacao-indigena-do-jaragua-sp-luta-para-manter-sua-cultura/
PIB:Sul
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