A presença dos índios no território brasileiro é muito anterior ao processo de ocupação estabelecido pelos exploradores europeus que aportaram no país. Hoje, há poucas ações que dão o real significado a este importante povo que é parte fundamental da história e da cultura do Brasil. Uma dessas ações consiste no Projeto de Pesquisa Infância e Educação Guarani, das professoras Ana Luisa Teixeira de Menezes e Sandra Richter, na Linha de Pesquisa, Linguagens, Aprendizagem e Tecnologia do Programa de Mestrado em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
SOBREVIVÊNCIA
Em virtude disso, um grupo de indígenas da etnia Guarani, oriundos da Aldeia Kaguypoty (flor da mata, traduzido do Guarani) de Estrela Velha, está em Santa Cruz para vender seus produtos e participar do projeto. "Eles vieram para Santa Cruz vender seu artesanato, cestos e bichos em madeira, antes do inverno para conseguir comprar mantimentos a fim de enfrentar a estação mais fria. Por ser um povo caminhante, se deslocam por diversos municípios sobrevivendo da troca e da venda do artesanato, onde buscam auxílio e doações nas Secretarias de Assistência Social que os acolhem. Em especial, esse grupo participa conosco em diversas pesquisas em andamento" destacou a mestranda Raquel Viçosa, que desenvolve atividades com as colegas Fátima Souza e Ana Lúcia Schedid, professora Josiane Ulrich e pós-doutoranda Viviane Silveira.
Por essa razão, os indígenas foram até a Unisc participar do grupo de estudo e disponibilizar seu artesanato. "A convivência com os indígenas aqui em Santa Cruz está sendo uma experiência muito rica pelas trocas e aprendizagens desse encontro intercultural de forma natural fora da Aldeia" completou Raquel. Para o indígena Alex Costa, de 33 anos, Santa Cruz sempre foi o ponto principal para vinda da sua Aldeia. "Trazemos pra cá os artesanatos para vender. O pessoal vem para Santa Cruz que é a cidade que mais nos favorece em vendas, até por ser uma cidade grande e perto da nossa Aldeia. Aqui, a Prefeitura libera uma casa pra nós e podemos ficar por algumas semanas" revela o indígena.
FALAR MENOS E OUVIR MAIS
Segundo Alex, a Aldeia Kaguypoty de Estrela Velha, que fica a 127 km de Santa Cruz, possui nove famílias em uma quantidade total de 75 pessoas. Em Santa Cruz, atualmente, há oito indígenas vendendo artesanato e participando do projeto.
"A maioria do pessoal que mora na Aldeia estuda, e quem não estuda sai para vender os produtos" completa Alex, que revela ter uma escola na Aldeia Kaguypoty que oferece estudos até a 5o série. Quem quiser ter acesso às séries superiores, precisa se deslocar para a cidade de Estrela Velha.
Para a professora Ana Luisa Teixeira de Menezes, que já trabalha com o povo indígena há 13 anos, a ação é de grande valia do ponto da educação. "Com eles, os estudantes aprendem diversas questões, como por exemplo, na visão do povo indígena, a escuta é muito importante, ele preferem escutar do que falar apenas por falar, e dão muito importância para o que escutam. Eu mesmo como professora, ao longo dessa pesquisa, aprendi a ouvir bastante e falar o necessário, isso vale muito como aprendizado. Fora a importância do estudo cultural propriamente dito, em procurar, em vez de buscar nossa cultura vinda da Europa, também a cultura ameríndia que o povo indígena traz como ciência" finaliza a professora.
http://www.riovalejornal.com.br/materias/10544-projeto_de_pesquisa_da_unisc_resgata_cultura_indigena
PIB:Sul
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