Quando o voto fica mais perto de casa

O Povo Online- http://www.opovo.com.br - 06/10/2014
Depois de passar boa parte da vida percorrendo 14 quilômetros para chegar a uma sessão eleitoral, a cada dois anos, Sueli Maria de Souza, 39 anos, recebe com alegria a urna eletrônica na comunidade indígena Jenipapo Kanindé - localizada em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza. Os 133 eleitores da localidade tiveram que caminhar apenas alguns passos até chegar à escola local. Uma tranquilidade que, segundo Socorro Costa, 43 anos, garante um domingo sem exaustão e caminhada.

A urna local começou a ser utilizada no pleito de 2012, quando os indígenas escolheram vereadores e prefeitos para Aquiraz. O sistema de biometria - no qual os eleitores utilizam a digital como identificação - é o adotado na única sessão. Segundo a líder local, identificada como "Cacique Pequena", a comunidade possui mais de 300 moradores. "Essa foi uma luta nossa, mas que valeu a pena", afirmou.

Para a desembargadora suplente do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), Nailde Pinheiro, as urnas localizadas em comunidades quilombolas ou indígenas são uma chance da Justiça Eleitoral se aproximar do seu público. "Todos eles têm que ser acolhidos, pois também fazem parte do processo democrático. E a biometria é um avanço tecnológico colocado a disposição da segurança das eleições", pontuou. A desembargadora acompanhou a votação na comunidade Jenipapo Kanindé durante a tarde de ontem.

Quilombolas


Os membros da comunidade quilombola da Base - localizada entre os municípios de Pacajus e Horizonte - também foram às urnas no último domingo. O grupo étnico-racial votou na Escola Neli Gama, localizada no centro de suas terras. Segundo a Associação Quilombola da Comunidade da Base, cerca de 300 pessoas votaram na zona eleitoral. Ao todo, 480 quilombolas votam (parte dos eleitores migra para as cidades próximas até realizar transferência do documento eleitoral).

A votação na Base acontece desde as eleições de 1998. Antes, a população da localidade se deslocava para o pleito em Pacajus. "Votamos perto de casa. Sentimos que o nosso voto é mais valorizado", disse o líder da comunidade, Sebastião da Silva. Ontem, as eleições entre os quilombolas foram embaladas pela apresentação de danças e percussão dos jovens do "Projeto Peteca" na Neli Lima, ação educacional promovida na própria escola.

A principal reivindicação dos quilombolas da região é o combate efetivo à falta de água. Hoje, é necessária constante ajuda de carros pipa, além dos moradores terem de recorrer constantemente ao Canal da Integração para suprir a seca. "Queremos que quem seja eleito busque as melhores alternativas para resolver esse problema. Hoje a água é o nosso ouro transparente", comentou Edinaldo da Silva, 31, morador da comunidade.



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