O Procurador Geral da República na Paraíba, Luciano Maia, disse que o arrendamento das terras potiguara era um benefício gozado por uma minoria, ao qual o índio não tinha acesso. Ele reafirmou isso domingo, na Aldeia São Francisco, em Baía da Traição, 77 Km ao Norte de João Pessoa, durante os festejos do Dia do Índio.
Por causa disso, os invasores irão pagar muitas aos índios de Cr$ 180 milhões, um dinheiro que o procurador garante ser administrado pela própria comunidade indígena. A lém disso, quem ainda ocupa terras potiguara já sabe que irá desocupar. Enquanto isso, deve reservar 1 hectare de terras para o índio plantar culturas de subsistência, em cada 10 hectares ocupados com cana-de-açúcar.
Divergências entre líderes de aldeias marcaram as com em orações do Dia do índio, domingo, na Reserva Indígena Potiguara de Baía da Traição, a 77 Km de João Pessoa. "Há mais de 500 anos se com em ora aqui o Dia do índio. Hoje, vim comunicar que já iniciamos a luta pela em emancipação indígena" , observou Luciano Maia, Procurador Geral da República na Paraíba, ao participar das solenidades em homenagem ao índio, na Aldeia São Francisco a 8 Km de Baía da Traição.
A festa do Dia do índio começou no sábado à noite, na Aldeia Cumaru, onde a Funai e a Prefeitura de Baía da Traição implantaram o serviço de energia elétrica, a um custo de Cr$ 16 milhões. Houve só a festa organizada por uma banda musical, sem solenidade. O chefe do Posto da Funai no Forte do Tambá, em Baía da Traição, Marcos Santana, esqueceu de convidar o prefeito João Pedro. A Funai adiou a inauguração solene, para não "cometer uma grosseria".
No domingo, o que seria uma grande festa na Aldeia São Francisco, resumiu-se a uma exibição do Toré - a dança ritual dos Potiguara - com poucos dançarinos e escassa assistência. As divergências entre líderes de aldeias apagaram o brilho da com em oração. O cacique Raqué, da Aldeia do Galego e um dos dançarinos do Toré, ainda ameaçou ir embora. A pedido do cacique João Batista Faustino, da Aldeia São Francisco, Raqué desceu do trator, participou da festa, mas fez um discurso sincero: criticou as divergências e disse que roupa suja se lavava em casa. "No Dia do Índio, as diferenças devem ser esquecidas, para o bem comum de uma gente sofrida" , alertou Raqué.
A festa grande não houve. Mas o Toré foi apresentado, com os poucos bailarinos que dispunha. No centro da roda, o "mestre" convocou os guerreiros para a dança, ao som melancólico de um pífano, Tonhô, músico do Toré, respondeu com um batuque de tambor, rápido e cadenciado. Faustino, o cacique de São Francisco, iniciou a canção. A roda de fora girou, com dançarinos adultos. A de dentro girou em contrário, com curumins e cuyas potiguara. O Toré foi filmado atentamente, pelo Procurador Luciano Maia.
BENEFÍCIO DE MINORIAS
Pelos cálculos do Procurador da República, o arrendamento das terras potiguara, por particulares, não passava de um benefício de uma minoria, ao qual o índio não tinha acesso. "Tinha gente arrendando terras do índio, recebendo o dinheiro e sem pagar ao índio" , disse Maia. Segundo ele, agora a Procuradoria Geral da República na Paraíba colocou a Funai nos carreteis e está processando os invasores. De hoje em diante, por exemplo, quem ainda tiver terras arrendadas já sabe que irá sair. E terá que conceder ao índio, dentro do arrendamento, 1 hectare de terra beneficiada, para culturas de subsistÊncia, isto a cada 10 hectares ocupados com cana-de-açúcar. Por não obedecer ao Estatuto do Índio, os invasores vão pagar Cr$ 180 milhões de multas. Este dinheiro, segundo Maia, ficará à disposição do índio, em conta especial. A comunidade indígena indicará uma comissão ou um representante para administrar esses recursos. O dinheiro será depositado nos cartórios da Justiça.
Luciano tam bém presenciou as divergEncias entre os líderes de aldeias. A discussão deles gira em torno da legitimidade ou não da identidade indígena da líder do Grumin, Eliane Potiguara. O índio Francisco Siríaco, servidor da UFPb em João Pessoa, garante dispor de provas de que Eliane é uma farsante". O cacique de São Francisco, João Batista Faustino, chega a defender um parentesco com Eliane, que não prova esta consaguinidaae.
O chefe do Posto da Funai, Marcos Santana, disse que ''vai esperar as investigações para se pronunciar".
Com suas denúncias, Siríaco levou Eliane a depor na Polícia Federal, em João Pessoa. A PF, alegando sigilo de inquérito, ainda não vivulgou o resultado das investigações. Eliane se defende, alegando que irá provar sua identidade indígena. E alega que o complô formado contra ela tem origem na política. Eliane não se dá bem com o antropólogo Franz Moonen, amigo de Siríaco, que afirma ter sido tentado por Eliane a receber suborno, "para esquecer o assunto". No meio desta confusão, o Procurador Geral da República conclamou todos à.paz. E adiantou que sendo Eliane ou não uma potiguara com o afirma, o que interessa é que ela está interessada na luta pelas causas indígenas. Eliane, segundo Siríaco, "é a única potiguara com sotaque carioca que existe na Paraíba" . Ele tam bém não reconhece a identidade de Tiuré, que está no Canadá, com "uma falsa identidade indígena".
POTIGUARA É CANDIDATA
Com a implantação da energia elétrica na Aideia Camaru e uma ambulância que está chegando por aí, doada pela Funai, a vida dos Potiguaras começa a melhorar. E o que admite Iracy Cassiano Soares, a Nancy, uma parteira índia candidata à Prefeitura de Baía da Traição, pelo PDS. Seu vice é outro índio, Marcos Santana, atual chefe do Posto da Funai. Nancy, que calcula já ter feito cerca de 200 partos no âmbito da Reserva, disse que apoia sua plataforma de trabalho no incremento à pesca e a agricultura. Outros prefeitos esqueceram isso. "Eu vou começar por aí".
Já coligada com o PL, por gestões do vereador Marcelo, Nancy não sabe ainda em que vai dar o namoro do PDS com o PMDB, iniciado desde as primeiras articulações para o lasçamento de sua campanha. Ela também pensa em incrementar o artesanato indígena e purificar a cultura potiguara, embora não descarte a possibilidade de atrair, para a Baia da Traição, um grpo especializado em hotelaria. Em outras palavras, ela quer incentivo à vocação natural do município para o turismo.
"Para o índio ser índio é necessário um representante indígena para assistí-lo", observa Nancy, que também é a única mulher índia do Brasil a candidatar-se ao cargo de prefeito. Atualmente, ela é vice do prefeito de Baía da Traição, João Pedro, de quem se desligou ideologicamente, poucos meses após a eleição. Também foi a vereadora mais votada em 82. Ganhou sem dinheiro e disse que em outubro enfrentará a campanha "com a cara e a coragem''.
No esquema eleitoral que ora surge entre índios e não-índios de Baía da Traição, há quem afirme que, se as eleições fossem hoje, Nancy ganharia disparado. Ela dispõe de forte apoio nas comunidades de pescadores e, entre os ferrenhos adversários políticos, conquistou um para seu lado, João Batista Faustino, ex-PMDB e atual cacique da Aldeia São Francisco. Batista é vereador, em Baía da Traição. Na plataforma de trabalho de Nancy, destaca-se a idéia de aproveitar os frutos regionais - mangaba, cajú e coco - em pequenas industrias caseiras, para render divisas e geram empregos.
PIB:Nordeste
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