Os potiguara de Paraíba, com população estimada em 6 mil e 200 índios, estão iniciando novo "levante" no sentido de desencalhar das prateleiras do Tribunal de Justila daquele estado, processo movido contra o grupo Lundgren e contra três usinas (Agican, Chuá e Miriri), a quem acusam de invasão de 13 mil e 500 hectares de suas terras.
"A lei e os relatórios de historiadores indicam que nosso território na Paraíba abrange 34 mil hectares, por essa razão não vamos jamais desistir de lutar pelos nossos direitos", afirma José Cassiano Soares, chefe substituto do posto da Funai em Baía da Traição, município que, juntamente com Rio Tinto e Mataraca, sedia 16 aldeias potiguara.
Segundo José Cassiano Soares, "as cercas dos latifúndios e o plantio principalmente de cana-de-açúcar por parte de usineiros desrespeitaram completamente os limites territoriais pertencentes aos índios". Há três anos, a Procuradoria da República da Paraíba abraçou a causa e impetrou ação em defesa do território indígena, mas o processo continua parado. O procurador responsável, que encontra-se há um ano na Inglaterra, realizou um levantamento juríduico comprovado que os índios tiveram mais de 13 mil hectares de terras invadidas pelo grupo Lundgren e pelas três usinas. Procurados para falar sobre o assunto, representetes da companhia de tecidos Rio Tinto (hoje fechada) e das três usinas evitaram comentários.
Os 6 mil e 200 índios, estão discutindo a invasão de suas terras em reuniões periódicas nas aldeias de São Francisco, Galego, Tramataia, Camurupim, Jacaré de César, Jacaré de São Domingos, Grupiúna, Vila São Miguel, Caieira, Laranjeiras, Tracueira, Camaru, Santa Rita, Silva do Belém, Estiva VElha e Aldeia do Forte, onde fica situado o posto da Funai. Os potiguara vivem de agricultura e outro problema que enfrentam é o fato de, por dificuldade de sobrevivência, alguns índios virem arrendando seus lotes a grupos invasores de suas terras.
Prefeita índia - E nessa retomada da luta jurídica, os índdios contam com um braço político muito forte. Trata-se da atual prefeita da cidade de Baía da Traição, Naci Cassiano Soares (PMDB), potiguara e, ao que se sabe, a primeira e única prefeita índia do país. Eleita em 1992, graças a uma esmagadora votação indígena, a prefeita argumenta que, muito mais do que fazia quando não era prefeita, vai manter sua colaboração e sua participação em tudo que for necessário. Esclarece que pelo tempo que vêm lutando, os índios já deveriam viver tranquilos e sem brigas por causa de terras. "O problema é que o respeito pelas nossas causas nunca se tornou uma realidade em nosso país", completa.
PIB:Nordeste
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