Os 60 índios potiguaras da família Paca que tiveram suas casas destruídas anteontem por outros 500 índios (também potiguaras) no município de Baía da Traição (litoral norte da Paraíba) ocuparam, na madrugada de ontem, a sede, da Funai (Fundação Nacional do Índio) em João Pessoa.
Eles fugiram de Baía da Traição com medo de serem mortos pelos índios das aldeias Calego e São Francisco.
Os índios dessas aldeias destruíram e incendiaram as casas do grupo da família Paca, para vingar a morte de João José da Silva.
O índio, de 31 anos, foi assassinado a facadas no último dia 1o, às [15h, na aldeia São Francisco.
Segundo a polícia, o índio Antonio Nascimento, conhecido por "Antonio Xangozeiro", pertencente à família Paca, é o principal suspeito da morte de Silva. Nascimento está foragido.
O delegado de Rio Tinto (cidade próxima a Baía da Traição), Walter Cunha, disse anteontem que os índios que queimaram as casas estavam armados com espingardas, foices, facões e facas.
Ainda segundo o delegado, eles teriam tentado linchar 69 pessoas da família Paca. Eles teriam tentado linchar também G.F.N., 17, e Maria José Barbosa, 29, acusados de participar do assassinato de Silva. Os dois negam qualquer participação no crime.
MEDO
Os índios da família Paca exigiram da Funai abrigo, proteção, roupas e alimentos.
Segundo o advogado do órgão, Otávio Uchôa, eles temem voltar para Baía da Traição e serem atacados novamente.
Uehôa disse que o chefe da Funai na Paraíba, Manoel Marcos Clemente, providenciaria ontem mesmo um abrigo para os 60 índios em João Pessoa ou na cidade de Rio Tinto, que fica próxima à Baía da Traição.
O advogado disse que a Funai convocou a PF (Polícia Federal) para garantir a integridade física dos índios nas aldeias.
Até o início da tarde de ontem, segundo a Funai, a situação tinha voltado a normalidade em Baía da Traição.
VISITA
Para ontem, estava prevista uma visita do procurador da República na Paraíba, Luciano Maia, às aldeias Galego e São Francisco.
O objetivo da ida do procurador ao local é tentar apaziguar os ânimos dos índios.
O delegado de Baía da Traição, Waldemir Cunha, disse que durante toda a mahhã de ontem o clima estava tenso.
Segundo ele, os 500 índios teriam ameaçado invadir novamente a cidade para destruir outras casas e a delegacia. Diante da ameaça, Cunha pediu reforço ao 4o Batalhão da Polícia Militar, que fica no município de Guarabira (96 km de João Pessoa).
No final da manhã, o Pelotão Especial de Choque, formado por 31 policiais, chegou à Baía da Traição para garantir a segurança na cidade, juntamente com os 70 policiais que estão lá desde, anteontem. Baía da Traição tem cerca de 6.000 habitantes.
PIB:Nordeste
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