Muito antes de serem contadas nos livros, as histórias indígenas habitavam as conversas à tardinha. Nas aldeias, elas ainda circulam de boca em boca.
É assim que, ainda hoje, acontece na aldeia guarani Krukutu, localizada em Parelheiros (zona sul de São Paulo). Ali vivem cerca de 300 pessoas.
Apesar de espremida pela cidade, a mata ao redor da aldeia é cheia de corujas que piam por lá. E foi esse piado noturno que deu ao lugar o nome de
krukutu.
Mas a mata guarda outros segredos, conta o menino Robert Tupã de Oliveira, 10, aluno da escola estadual indígena Krukutu (conheça aqui a indiazinha Maitê).
Ele diz que Kamba'i está sempre por lá. Quem é ele? É uma criatura que não larga o cachimbo e protege a mata contra os que criam desordem na natureza.
"Ele é um guardião da floresta", completa Olívio Jekupé, 49, escritor guarani também vive na aldeia e escreveu vários livros, como "Ajuda do Saci - Kamba'i" (DCL; R$ 27).
Mas o menino Robert se lembra mesmo das histórias que seu pai contou sobre o Kamba'i, esse Saci dos guaranis. "Ele fala outra língua, mas meu pai entende o que ele diz."
DE PAI PARA FILHO
Robert é filho do cacique Karaí de Oliveira Paula, 31, que costuma contar aos filhos o que ouvia dos pais e avós, que, por sua vez, também contavam o que escutavam dos mais velhos.
"Cresci com as histórias do meu avô", lembra Karaí, que confirma seu encontro com o Kamba'í. "Ainda hoje existem os guardiões. A gente não vê esses protetores a olho nu, mas os pajés os veem", diz.
Ele teme, no entanto, que ultimamente seu povo esteja "perdendo um pouco o costume de contar história para as crianças".
Em aula, o escritor Olívio afirma a importância de as narrativas serem passadas de geração em geração. "Não podemos perder nossas histórias", afirma.
A convite da "Folhinha", um grupo de alunos da escola indígena Krukutu se reuniu para ler alguns dos livros indicados pela "Folhinha" (veja vídeo acima).
Olívio desafia os alunos: "Peçam aos pais que contem uma história do Kamba'í".
Karaí, o cacique, diz que os livros são de grande ajuda para que as histórias tradicionais não sejam esquecidas. Podem ajudar no diálogo entre pais e filhos.
"É importante as crianças lerem as histórias registradas nesses livros. Podem perguntar e conversar com os pais sobre o que leram."
Assim, as narrativas vão continuar viajando sempre, um pouco de boca em boca, na oralidade, e um pouco de mão em mão, pelos livros que trazem as histórias indígenas.
http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2015/04/1617950-folhinha-reune-criancas-guaranis-para-ler-historias-indigenas-assista.shtml
PIB:Sul
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