Projeto Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas - GATI/Funai - www.cggamgati.funai.gov.br - 29/06/2015
A oficina discutiu uma proposta de intercâmbios a lugares e caminhos de significância sociocultural dentro das TIs do Oiapoque como metodologia para motivar os jovens indígenas a conhecer os seus territórios e ainda apoiar os professores indígenas nas questões de gestão ambiental como tema transversal de ensino.
Anciãos, professores e jovens indígenas das etnias Palikur, Karipuna e Galibi Marworno das Terras Indígenas (TIs) Uaçá, Galibi e Juminã, localizadas no Oiapoque, estado do Amapá, se encontraram entre 19 e 21 de junho na aldeia Manga para discutir a ideia de intercâmbios culturais dentro dos seus territórios, durante a oficina "Andar no Território: intercâmbios locais para conhecer, valorizar e proteger o seu lugar".
O evento foi uma iniciativa do Projeto GATI, por meio da articulação da consultora regional Rosélis Mazurek, em parceria com o Instituto de Pesquisa e Educação Indígena (Iepé) e The Nature Conservancy (TNC), em âmbito da Carta de Acordo entre a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e TNC. Contou ainda com apoio do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF).
Um dos objetivos principais da oficina foi discutir uma proposta de intercâmbios a lugares e caminhos de significância sociocultural dentro das TIs do Oiapoque como metodologia para motivar os jovens do ensino fundamental (4o a 8o) regular e médio (modular) a conhecer os seus territórios e ainda apoiar os professores indígenas nas questões de gestão ambiental como tema transversal de ensino, tendo o território como sala de aula.
Utilizando a cartografia como ferramenta, os conhecedores mais velhos, jovens e professores traçaram suas trajetórias e jeito de viver no território associadas ao "seu tempo". As diferenças marcantes na extensão das áreas de circulação entre as gerações, expostas nos mapas, surpreendeu e alimentou a discussão da necessidade das novas gerações "re"conhecerem o território, cuja geografia é muitas vezes, definida por mitos e permeadas de referencias históricas, ocasionalmente desconhecidas. Este "re"conhecer seria alcançado através de viagens de intercâmbios a certas rotas e lugares importantes que grupos de jovens das diferentes aldeias fariam aos locais tendo os conhecedores mais velhos como mestres e guias.
"Eu nem sabia que este território imenso era percorrido pelos antigos. Hoje a gente vai aos rios e lagos pescar e nem se preocupa em saber o porquê do nome ou o que aconteceu lá. Eu não sabia o significado do nome do lago Araramáe, porém agora, conversando com o Sr. Emiliano Laparra (Palikur), descobri que se trata do nome uma cobra que cuida do lago", afirmou Cristoval Martins (Karipuna), durante a oficina.
Antes de realizarem essas jornadas, os jovens orientados pelos professores indígenas, vão elaborar um roteiro de pontos culturalmente importantes a serem investigados e documentados por eles durante os intercâmbios. Assim, os grupos discutirão e priorizarão alguns temas referenciais da cultura, utilizando o trançado do "Manahé kwak" (peneira de farinha feita de fibra de arumã) como símbolo do cruzamento de saberes e das dimensões múltiplas do território nas perspectivas dos três povos e das diferentes gerações. Os lagos das Terras Indígenas foram apontados como temas prioritários para os estudos durante os intercâmbios. Da mesma forma, estes também são os temas das propostas enviadas pelas organizações indígenas ao edital ISPN - GATI (PPP GATI) de maio de 2015.
Para a professora Edilena dos Santos, do povo Galibi Marworno, é de suma importância que os jovens valorizarem a história dos seus antepassados, das rotas de origem e que conheçam o processo de demarcação. "Por meio dos relatos dos mais velhos, soubemos que antes da demarcação, vinha muita gente aqui tirar nosso peixe, aqui havia uma intensa comercialização", contou. Yanomami Santos, do povo Karipuna, também afirmou que os jovens precisam conhecer os seus territórios. "Através disso podemos lutar em favor da nossa terra, pois ela é nossa arma de luta e de reconhecimento. Devemos também conhecer as histórias e assim procurar o conhecimento dos mais velhos, pois o principal intercâmbio é o conhecimento transmitido entre as gerações", completou. A perspectiva é que os intercâmbios se iniciem em setembro de 2015.
http://cggamgati.funai.gov.br/index.php/projeto-gati/noticias/durante-oficina-povos-indigenas-do-oiapoque-planejam-intercambio-cultural-entre-seus-territorios/
PIB:Amapá/Norte do Pará
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