Um movimento pacífico iniciado às 6h deste sábado (1o), interditou parcialmente a BR-174 há 90 km da capital, município de Amajari, sentido Norte, fronteira com a Venezuela. O objetivo dos participantes é a manifestação contra a demarcação de 21 mil hectares de área naquele município para criação da unidade de conservação intitulada Parque do Lavrado, proposta do Governo Federal.
O deputado Marcelo Cabral (PMDB), líder do movimento, se colocou totalmente contra. "Chega de demarcações em áreas produtivas. Hoje o Amajari possui somente 31% de área propícia à produção, se esse parque for demarcado, esse total cai pra 28,9% e os prejuízos serão imensuráveis".
Ainda de acordo com o deputado, para que isso ocorra, o Governo do Estado tem que dar o aval. "A contra proposta é que essa delimitação seja feita numa área já demarcada ou improdutiva. Como produtor e representante do povo, convido todos pra se unirem a essa causa. Roraimenses, 'roraimados', digam não a mais uma demarcação. Serão centenas de produtores prejudicados", reforçou.
A área proposta fica entre duas reservas: Terra Indígena São Marcos e Terra Indígena Santa Inês. Mais de uma centena de produtores rurais e pecuaristas - caso a proposta seja concretizada - perderão anos de muita luta e trabalho.
Há 26 anos trabalhando na área que pode ser demarcada, com a criação de gado, o pecuarista roraimense Adevan de Azevedo Briglia, 57, manifestou sua insatisfação. "Trabalhei toda minha juventude pra conseguir essa terra, hoje titulada. É lá que criei meus filhos e suei muito pra chegar aonde cheguei. Hoje emprego diretamente oito pessoas. De uma hora pra outra posso ser mandado embora e ainda ser chamado de "intruso" ou "grileiro". É muito injusto. Os prejuízos são incalculáveis e o pior de tudo, caso isso realmente se concretize, corremos o risco de não sermos assentados e se formos, irmos pra uma área onde teremos de começar do zero. Não tenho mais idade pra isso", lamentou.
Desde 1990, Benedito Portela, 60, outro produtor que pode ser lesado se a demarcação acontecer, contou que além de gado, cria carneiro, porco, aves e cavalo. "É vergonhoso, é regredir no tempo. Antes, o nome pra isso era demarcar terra indígena, agora é unidade de conservação, o que dá quase tudo no mesmo. Fatos como esses não contribuem com o desenvolvimento dos municípios, apenas atrasam. Tanta terra indígena improdutiva e vão escolher logo uma que está produzindo. Não podemos de maneira alguma aceitar".
O movimento conta com o apoio de produtores rurais, pecuaristas, sociedade civil organizada, comerciantes, o prefeito da região Moacir Mota (PR) e parlamentares municipais. "Como filho de Roraima e representante do povo, digo e repito que essa é uma demarcação inaceitável. Pedimos o apoio de todas as autoridades, para juntos impedirmos que isso aconteça", disse o prefeito.
A cada 15 minutos uma das vias era liberada e os condutores de veículo podiam seguir adiante. "Roraima já deu sua contribuição no que diz respeito a terras demarcadas. Agradecemos a compreensão de todos e pedimos o maior número de apoio possível", concluiu o deputado Marcelo Cabral ao explicar que a previsão para liberação total da via era às 18h deste sábado, podendo ocorrer antes disso.
http://www.bvnews.com.br/noticia.php?intNotID=6392
PIB:Roraima/Lavrado
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