A reintegração de posse da Aldeia Takuara, no município de Juti, Mato Grosso do Sul, está marcada para ser executada na manhã desta quinta-feira (17).
Apesar de um recurso ter sido protocolado ontem (16) no Supremo Tribunal Federal, é muito difícil que o pedido seja analisado a tempo, e precisamos considerar a possibilidade de que o processo de despejo termine com feridos ou mortos.
São vários os casos em que os processos de retomada e reintegração tiveram desfechos trágicos. Em agosto do ano passado, na aldeia Ñanderu Mangaratu, o líder indígena Simião Vilhalva foi morto com um tiro na cabeça, durante a retomada da terra de seus ancestrais. Um ano antes, no despejo em Buriti, o indígena Oziel Terena foi assassinado pela polícia federal.
Até mesmo a visita recente da relatora da ONU (Organização das Nações Unidas), Victoria Tauli-Corpuz, revelou que há pouca preocupação, por parte dos fazendeiros, com as organizações que fiscalizam as violações de direitos humanos. Logo após a relatora sair da aldeia de Kurusu Ambá, no município de Coronel Sapucaia, os indígenas foram alvo de tiros dos pistoleiros que cercam a região.
Resistência fortalecida
Mesmo diante do abandono do Estado neste momento tenso, às vésperas de um despejo, os indígenas da Tekoha Takuara prometem resistir à reintegração de posse, que pretende limitar a terra a apenas 86 hectares, restringindo a escola e o posto de saúde já há muito tempo estabelecido pelos indígenas.
Diante da ofensiva, as lideranças da Takuara informaram a chegada de cerca de 500 indígenas, muitos vieram da Bolívia e Argentina, e a previsão é de que cheguem mais reforços nesta madrugada.
Segundo dados do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), em 12 anos, 390 indígenas foram assassinados e outros 586 se suicidaram.
Não podemos nos calar diante de tantos ataques! A demarcação das terras indígenas é urgente, por justiça, contra o genocídio de nossos povos originários e a impunidade de senhores do agronegócio! O governo estadual não pode ser aliado desses crimes e o governo federal não pode ser omisso.
A CSP-Conlutas mantém seu apoio e solidariedade à luta do povo Guarani Kaiowa. Neste momento, principalmente aos que vivem na aldeia Takuara, a terra que lhes é de direito.
http://cspconlutas.org.br/2016/03/reintegracao-de-posse-da-aldeia-takuara-ms-pode-acontecer-nesta-quinta-feira-17/
PIB:Mato Grosso do Sul
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