UEM tem primeiro indígena a concluir mestrado no Paraná

Bem Paraná - http://www.bemparana.com.br - 06/05/2016
O professor Florencio Rekayg Fernandes apresentou, na última terça-feira (5), pela manhã, na Universidade Estadual de Maringá, sua defesa de dissertação no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPE), tornando-se o primeiro indígena do Paraná a concluir um curso em nível de mestrado.

Da etnia Kaingang e pertencente à Terra Indígena Mangueirinha, ele apresentou o trabalho "Formação e Atuação de Professores Pedagogos Indígenas no Paraná", sob a orientação da professora Rosângela Célia Faustino, do Departamento de Teoria e Prática da Educação (DTP), da UEM.

Com isso, vale dizer que a Universidade Estadual de Maringá alcançou mais um marco histórico no Estado ao entregar o primeiro título de mestrado a um professor indígena bilíngue. A UEM é, também, a instituição que formou o maior número de estudantes indígenas no ensino superior do Paraná, mesmo sendo a universidade mais distante das terras indígenas.

Estas conquistas são possíveis pela existência do Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-história, onde está sediado o Observatório da Educação Escolar Indígena (Obeduc)/Indigena da UEM. Trata-se de um programa financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep)/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), com o objetivo principal de proporcionar a articulação entre pós-graduação, licenciaturas e escolas de educação básica, estimulando a produção acadêmica e a formação de pós-graduados em nível de mestrado e doutorado.


Relevância


A dissertação defendida por Florencio fala da relevância do trabalho de pedagogos indígenas para a consolidação da escola intercultural e bilíngue no Paraná. Ele foi alfabetizado em língua kaingang (sua língua materna) pelo professor Roberto Mineiro, nos anos de 1980, na Terra Indígena Rio das Cobras, e, só após se apropriar da língua escrita kaingang, foi alfabetizado em língua portuguesa.

Isso lhe possibilitou o domínio pleno das duas línguas e o manejo tanto dos conhecimentos indígenas como da ciência ocidental, haja vista que o professor indígena foi aprovado no concorrido processo seletivo do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPE) da UEM.

Conforme a professora Rosangela Faustino, para que se efetive a educação intercultural e bilíngue (garantida pela Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases da Educação e legislações subsequentes) em todas as escolas indígenas do Paraná, é fundamental que as universidades cumpram seu papel na formação de pedagogos.

Estes profissionais são habilitados para atuar na alfabetização e na gestão da escola indígena, tornando-se aptos a propor e coordenar a elaboração de projetos pedagógicos comunitários, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (Seed) e Núcleos Regionais de Educação, adequando as estruturas curriculares às diferentes realidades sociolinguísticas e socioculturais de cada terra indígena no Paraná.


Acesso e permanência


Juntas, as universidades estaduais de Maringá; do Norte do Paraná (Uenp); de Ponta Grossa (UEPG); do Centro-Oeste (Unicentro); e Oeste do Paraná (Unioeste) já graduaram 14 pedagogas e pedagogos provenientes das etnias Guarani e Kaingang. Isso vem ocorrendo desde a aprovação da lei estadual 13.134, de 2001, que garantiu o acesso de indígenas ao ensino superior no Paraná e permanência, por meio de bolsas de estudos, afiançada pela Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (Seti).

Rosângela avalia que, em decorrência dos mais de 500 anos de exclusão sofridos pelos povos indígenas no Brasil, não é fácil aos estudantes o acesso, a permanência e a formação no ensino superior.

"Por esta conquista, agradecemos ao governo do Paraná (Seti e Seed), às lideranças e comunidades indígenas, aos diretores, professores e equipes pedagógicas das escolas indígenas que lutam e ajudam a construir uma educação básica indígena de qualidade, incentivando jovens Kaingang, Guarani e Xetá a ingressar nas universidades", diz a professora.

Ela enaltece, ainda, a Associação Indigenista de Maringá (Assindi), pelo trabalho de acolhimento que realiza com alguns estudantes da UEM e famílias de trabalhadores artesãos, e o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Indígena no Paraná (Gepei/UEM/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq), que desenvolve diversos projetos envolvendo estudantes indígenas do ensino superior.



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