Campanha: assina Dilma, antes que seja tarde!

Cimi - http://www.cimi.org.br - 06/05/2016
A presidenta Dilma Rousseff esperou tempo demais para garantir o direito à terra aos povos indígenas. Precisou ver esfacelado o pacto com as forças conservadoras e ruralistas no Congresso Nacional, títeres da elite latifundiária e financeira, para tocar adiante demarcações e homologações de Terras Indígenas há muito paralisadas. Este trabalho foi iniciado há poucas semanas. Porém, não está concluído; e ainda não é tarde demais para garantir aos povos indígenas o direito às suas terras, indispensáveis à sua sobrevivência e segurança.

Há 10 portarias declaratórias, sob responsabilidade do Ministério da Justiça, 11 homologações e um decreto de desapropriação - ambos sob responsabilidade da Casa Civil - que não possuem quaisquer impedimentos judiciais para terem suas devidas assinaturas e publicações garantidas pelo governo federal. São cerca de 20 povos, espalhados de Norte a Sul, alguns aguardando até cinco anos apenas por essa decisão política. No caso da Terra Indígena Morro dos Cavalos, em Santa Catarina, não existe sequer impedimentos por parte dos ocupantes não-indígenas.

Parte de um conjunto de 180 terras a serem identificadas, 43 aguardando portaria declaratória e outras 62 aguardando homologação, além de pelo menos 357 territórios reivindicados pelos povos indígenas e ainda sem nenhuma providência por parte da Fundação Nacional do Índio (Funai), estas 22 terras não precisam de mais do que uma assinatura para que sua demarcação avance hoje.

Às vésperas da votação no Senado Federal da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que poderá afastá-la do Palácio do Planalto por um período de 180 dias, os povos indígenas do país esperam pelo pior: o vice-presidente Michel Temer é quem assumirá a Presidência, caso o golpe se concretize, e levará consigo uma longa lista de contas a pagar emitida pelos parlamentares que fiaram o andar do processo de impeachment.

Entre esses políticos estão os ligados à bancada ruralista, que já estiveram no Palácio do Jaburu, em Brasília, residência oficial da vice-presidência, para entregar a Temer o que esperam do provável presidente. Mais do que isso: pediram cargos centrais para a garantia dos direitos territoriais indígenas, caso da Fundação Nacional do Índio (Funai).

O deputado ruralista Luiz Carlos Heinze (PP/RS), que afirmou que "índios, negros e gays são tudo o que não presta", pleiteia o cargo do Ministério da Agricultura. Os ruralistas inclusive já pressionaram o vice-presidente para invalidar os recentes atos de Dilma Rousseff em relação à publicação de portarias declaratórias, relatórios circunstanciados e homologações. Temer, conforme os próprios ruralistas, aquiesceu para esta possibilidade.

Não sem efeito, entre os próximos dias 10 e 13 de maio centenas de indígenas de diferentes povos de todo o país enviarão delegações para a 12ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília (DF). Conforme a convocatória da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o ATL terá como objetivo protestar contra qualquer retrocesso de direitos conquistados na Constituição de 1988, em vista da própria tentativa da elite latifundiária e financeira de retirar, à força, Dilma Rousseff da Presidência - mesmo que o governo tenha sido ruim até então para a questão indígena, os povos não acreditam que impedir Dilma fará bem à democracia ou à garantia de seus direitos.

Para deixar a contexto ainda mais tenso, em pouco mais de 30 dias os povos indígenas do país viram a violência contra as comunidades aumentar de forma significativa. Se esses dias forem comparados com o mesmo período de 2015, conforme dados prévios do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas do Cimi, percebemos mais do que o dobro de episódios; enquanto no ano passado se registrou cinco casos, esse ano já passa de 15 - com assassinatos, atentados e danos ao patrimônio público. Na última semana, uma casa de reza Pankará (PE) foi incendiada. Para os povos indígenas, só a demarcação de suas terras tradicionais pode aplacar tanta dor e garantir sua sobrevivência e segurança.



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Índios:Direitos Indígenas

Áreas Protegidas Relacionadas

  • TI Morro dos Cavalos
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