Corpo de indígena morto em MS será enterrado no mesmo local do conflito

G1- http://g1.globo.com - 15/06/2016
O corpo do agente de saúde indígena Claudione Rodrigues Souza, de 26 anos, morto com tiro durante confronto entre índios e fazendeiros em uma propriedade em Caarapó, no sudoeste de Mato Grosso do Sul, na terça-feira (14), vai ser enterrado na região do conflito. O corpo foi levado até o local pela funerária na tarde desta quarta-feira (15) e deve ser enterrado na quinta-feira (16).

A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que a área está na Terra Indígena Dourados-Amambaipeguá. Conforme o órgão, ela é tradicionalmente ocupada e está em estudo para regularização fundiária.

Segundo a Polícia Federal, três das quatros armas foram devolvidas nesta quarta-feira, sendo duas pistolas .40 e uma espingarda calibre 12. Os indígenas dizem que devolveram todos os armamentos.

Ainda não foram devolvidos uma pistola, dois carregadores e documentos e objetos pessoais dos policiais feitos reféns ao escoltar os bombeiros que atendiam os feridos. Segundo o tenente-coronel Carlos Silva, responsável da PM de Caarapó, os militares também tiveram objetos pessoais roubados, como celulares, carteira e documentos.

Ao G1, o delegado Maranhão informou que a PF vai utilizar os recursos necessários para apurar os crimes cometidos e tentar resguardar a segurança de todos.

A convivência entre indígenas e produtores rurais em Caarapó tem histórico de tranquilidade apesar do confronto de terça-feira, segundo o Sindicato Rural do município. Em nota, o sindicato rural de Caarapó afirmou que "lamenta o clima de tensão, uma vez que os produtores rurais da região sempre tiveram bom relacionamento e boa convivência com os indígenas".


Confronto


Durante o conflito outros seis indígenas ficaram feridos e continuam internados. Cinco deles foram transferidos para Dourados e três passaram por cirurgia. Uma indígena foi atingida por um tiro de raspão e está internada no hospital de Caarapó, distante 264 quilômetros da capital sul-mato-grossense.

Depois do conflito entre indígenas e fazendeiros, o Corpo de Bombeiros foi acionado e foi até o local acompanhado da Polícia Militar. Ao chegarem na propriedade, um pneu da viatura da PM furou e três policiais foram feitos reféns. Os índios pegaram as armas, os coletes e queimaram a viatura.

Por causa da insegurança na região, o Ministério da Justiça e Cidadania vai enviar a Força Nacional. Mas não informou a data e nem quantos militares. Segundo o prefeito da cidade, Mário Valério (PR), 50 homens da Força Nacional e 30 da Polícia Federal (PF) de Brasília serão enviados ao município.

Em nota oficial divulgada na manhã desta quarta-feira, o governo de Mato Grosso do Sul afirma que pediu ao Ministério da Justiça a presença da Força Nacional de Segurança Pública na região.

No comunicado, o Executivo diz ainda que estão sendo realizadas investigações para identificar os autores das agressões policiais, o roubo das armas e os danos causados à viatura policial e que a PF apura a morte do agente de saúde indígena Claudione Rodrigues de Souza, de 26 anos.


Vídeos


A Polícia Federal (PF) aguarda vídeos do confronto com fazendeiros feitos por indígenas, para avançar nas investigações sobre o caso. O delegado da PF de Dourados, Marcel Maranhão, disse que a devolução das armas era uma das condições para a PF continuar as investigações sobre a morte.


Reféns


Após confronto dessa terça-feira, militares acabaram rendidos pelos indígenas por duas horas após o pneu da viatura furar. Eles tiveram as armas de fogo e coletes tomados, a viatura queimada e três sofreram ferimentos leves.

"Os policiais não esperavam esse tipo de situação de quem eles foram ajudar. Apanharam com pedaço de pau. Algemaram eles com as próprias algemas", afirma o comandante da Polícia Militar (PM) de Dourados, que responde pelo município, tenente-coronel Carlos Silva.

Ainda segundo o tenente-coronel, a equipe foi recebida a tiros e há suspeita de que índios paraguaios estejam entre os indígenas brasileiros. "Os indígenas falavam que iam atear fogo nos policiais. Chegaram a jogar gasolina neles. O que mais nos deixou preocupados foi que a polícia foi garantir a vida dos indígenas e foi atacada por aqueles que visavam salvar", fala o oficial.

Em nota, a Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul (ABSSMS), seccional Dourados, repudiou "as ações de extrema violência contra a integridade física de policiais militares".


Outras mortes


Em agosto de 2015, cerca de 80 indígenas ocuparam cinco fazendas vizinhas à aldeia em Antônio João (MS). Durante retomada feita por fazendeiros, os dois grupos entraram em confronto e um indígena foi encontrado morto perto de um córrego, dentro de uma das fazendas.

Em maio de 2013, confronto entre indígenas e policiais durante a reintegração de posse de uma fazenda ocupada em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande, deixou um índio morto e vários outros feridos.



http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2016/06/corpo-de-indigena-morto-em-ms-sera-enterrado-no-mesmo-local-do-conflito.html
PIB:Mato Grosso do Sul

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