Operação 'Rios Voadores' rende denúncias do MPF

Valor Econômico, Agronegócios, p. B14 - 05/08/2016
Operação 'Rios Voadores' rende denúncias do MPF

Bettina Barros

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou Antonio José Junqueira Vilela Filho, o AJ Vilela, e seu cunhado, Ricardo Caldeira Viacava, à Justiça Federal pelos crimes de trabalho escravo e frustração de direito trabalhista. Eles estão presos em São Paulo e são processados em ação civil pública por danos ambientais descobertos pela operação "Rios Voadores", no início deste mês de julho, que desbaratou um esquema de grilagem de terras públicas no Pará, desmatamento e trabalho análogo à escravidão. A investigação envolveu Polícia Federal, Receita Federal, Ibama e MPF.

Na semana passada, a Justiça Federal já havia ordenado o bloqueio de R$ 420 milhões de AJ Vilela e mais 12 pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema, entre os quais Ana Luiza Vilela, irmã de AJ, e Ricardo Viacava, filho de Carlos Viacava, nome conhecido na pecuária e na citricultura brasileira.

Em nota, o MPF afirmou que a denúncia de trabalho escravo se baseia na ação de fiscalização que o Ibama fez perto da terra indígena Mekragnoti, após denúncia dos índios Kayapó de que madeireiros estavam atuando ilegalmente na região. O Ibama encontrou 11 acampamentos com trabalho análogo à escravidão na área, apreendeu 26 motosserras e três motocicletas e embargou quase 14 mil hectares de terras.

No total, 40 trabalhadores estavam na área derrubando a mata, trabalhando de 04h30 até o fim do dia, durante dois meses, quando o Ibama chegou ao local.
Conforme o MPF, assim que eram contratados pelo "gato" (aliciador de trabalhadores) Eremilton Lima da Silva, conhecido como Marabá, os trabalhadores contraíam a dívida pela compra da motosserra que utilizavam, que deveria ser paga em horas de trabalho. "Eles também sofriam vigilância de fiscais a serviço do gato e as áreas de trabalho eram de difícil acesso", diz o MPF, no comunicado. A dívida é uma das principais características do trabalho escravo contemporâneo, porque impede a saída do trabalhador do local através de coerção financeira.

Segundo os investigadores, AJ Vilela é "líder de uma agressiva organização criminosa que, entre os anos de 2012 e 2015, transformou mais de 30 mil hectares de floresta amazônica em latifúndios voltados à atividade econômica agropecuária". A investigação apontou que os financiadores eram AJ Vilela, Ricardo Viacava e Adilce Eleotério Garcia. O foco de atuação era Altamira e Novo Progresso.

Valor Econômico, 05/08/2016, Agronegócios, p. B14

http://www.valor.com.br/agro/4659675/operacao-rios-voadores-rende-denuncias-do-mpf
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