Engenheiro santareno feito refém por indíos relata momentos de tensão

G1- http://g1.globo.com - 25/10/2016
Depois de passar seis dias mantido refém por índios da etnia Munduruku na aldeia Teles Pires, em Jacareacanga, divisa do Pará com o estado do Mato Grosso, o engenheiro civil Heriberto Rodrigues de Figueiredo ainda se recupera do susto e dos momentos de tensão vividos junto com outros operários. Ele chegou esta terça-feira a Santarém, no oeste do Pará e está na casa da mãe, onde foi recebido com abraços e emoção.

Em entrevista ao JT TV, Heriberto revelou os momentos de tensão na aldeia. "No começo estava tudo bem, mas a nossa preocupação era que o tempo passasse e os índios começassem a perder a paciência. A gente era livre na comunidade, mas pelo fato de estarmos presos e os nossos familiares preocupados, a gente ficou tenso. Hoje eles estavam bacanas e se amanhã eles perdessem a paciência, como seria?" questiona.

A família do engenheiro preparou cartazes para a recepção. Na chagada, Figueiredo recebeu um abraço apertado da avó Doralice Rodrigues, que emocionada, falou da alegria em poder estar ao lado do neto. "Quando disseram que liberaram ele, para mim foi um alívio, eu dei um aleluia tão grande. Parece que meu coração abriu por causa dele. Agora é só festa. Eu digo assim, que são experiências da vida", afirma.

A mãe de Figueiredo, Francinete Rodrigues, manteve contato todos os dias em que ele esteve na aldeia. Ela não escondeu a felicidade de reencontrar o filho bem. "Os índios não maltrataram, mas só o fato dele está ali preso, sem poder sair, não era vontade dele está ali preso, mas graças a Deus ele disse: mãe dorme, porque eu vou ligar para você, onde eu chegar eu vou ligar para você. Foi um alívio", contou.


Entenda o caso


O engenheiro Figueiredo, responsável pela obra de um posto de saúde na Aldeia Teles Pires, foi feito refém juntamente com outros cinco operários desde a manhã do dia 17 de outubro. A situação ocorreu porque os indígenas, que trabalham na obra, alegaram atraso no pagamento de salários. A obra deveria ser entregue dia 22 de outubro deste ano, mas de acordo com eles nada foi feito.

Segundo Figueiredo, as divergências no pagamento gerou insatisfação dos indígenas. Ele disse que o dinheiro enviado foi somente para os meses de julho e agosto. O engenheiro disse ainda que os índios estavam recebendo apenas R$ 30 reais a diária, o que corresponde a R$ 900 reais por mês. Na hora de fazer o pagamento, Figueiredo percebeu que os valores haviam sido descontados e teve gente que não recebeu o salário previsto.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Distrito Sanitário Especial Indígena (Disei) acompanharam o caso. Heriberto e os outros operários foram liberados na manhã do último sábado (22), depois que representantes da Procuradoria Geral da República e do Disei propuseram aos índios Munduruku a rescisão do contrato com a construtora responsável e chamar a segunda empresa listada no processo licitatório para assumir as obras.

A Disei já havia informado em nota que a empresa responsável pela construção do posto de saúde na aldeia estava à frente na construção de outros três postos de saúde, todos localizados em aldeias indígenas. A contratação de mão de obra local seria o pré-requisito firmado com a empresa que venceu a licitação, mas os indígenas reivindicavam ainda questões trabalhistas e salários que também estariam atrasados.

O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), Sandro Waro Munduruku também informou ao G1 que o atraso no pagamento não ocorreu por responsabilidade do Dsei, órgão local da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Segundo Waro, ao ganhar a licitação para a obra, foram liberados R$ 1,6 milhão para a empresa Artecon, porém o recurso não havia cedido em sua totalidade, devido ao atraso na execução dos serviços.


Nota de repúdio Crea


Por meio de nota enviada ao G1, a inspetoria do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (Crea) em Santarém, no oeste do Pará, se solidarizou e apoiou o engenheiro civil Heriberto Rodrigues de Figueiredo e sua família. O Crea pediu aos órgãos competentes celeridade para fazer a liberação do engenheiro junto aos cinco companheiros de trabalho daquela obra e repudia a atitude.



http://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2016/10/engenheiro-santareno-feito-refem-por-indios-relata-momentos-de-tensao.html
PIB:Tapajós/Madeira

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