A última reunião promovida pelo Grupo de Trabalho (GT) de Proteção Territorial do Território Indígena do Xingu (TIX), entre 9 e 11 de novembro, teve como temas principais o desmatamento no entorno do TIX, o uso abusivo de agrotóxicos, a situação das obras de infraestrutura previstas pelo governo federal, a extração ilegal de madeira, a entrada ilegal de pescadores e os conflitos fundiários envolvendo a recente homologação da Terra indígena Pequizal do Naruvotu, do povo Kalapalo.
Foi a segunda reunião do GT, composto por 25 integrantes entre representantes da Associação Terra Indígena Xingu (Atix) e outras associações indígenas do TIX, Funai e ISA. A ideia do GT, vinculado à estrutura de governança do TIX, é avaliar, planejar e coordenar ações de proteção do território, que sofre com as pressões e ameaças do entorno.
Ao final do encontro, os participantes do GT colocaram em prática um dos encaminhamentos amplamente discutidos ao longo dos dois encontros: a restauração ambiental de áreas degradadas pelo agronegócio. Todos foram, então, para a aldeia Tangurinho, do povo Kalapalo, área que tangencia o TIX e viram de perto as consequências dessa degradação para a comunidade.
A teoria na prática
No início do ano, o GT decidiu promover uma conversa entre lideranças Kalapalo, o proprietário da fazenda vizinha, o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado Mato Grosso (Indea), do município de Querência, a Coordenação Regional da Funai e técnicos do ISA. Daí resultou uma proposta de substituir a soja pelo pasto, diminuindo assim a carga de agrotóxicos despejadas no local, reflorestar uma Área de Preservação Permanente (APPs) no Rio Tanguro e uma faixa de terra que se estende entre a fazenda e o limite do TIX. Além disso, os Kalapalo solicitaram que fosse feito um estudo para monitorar a presença de agrotóxicos nas águas do rio e da chuva, e também no ar.
A atividade de recuperação florestal se inseriu no projeto Amazonia Live, iniciativa do Rock in Rio em parceria com o ISA e o Funbio. Assim, foram adquiridas sementes florestais coletadas pela Rede de Sementes do Xingu e foram aplicadas técnicas de plantio direto, com muvuca, e também com mudas.
A muvuca foi preparada na aldeia Tangurinho, com a participação da comunidade e do proprietário da fazenda, e posteriormente aplicada no solo com técnicas mecanizadas e manuais. Além disso, foram plantadas 220 mudas de espécies da região, entre elas, madeireiras e frutíferas. Ainda neste local, as comunidades locais se organizaram para coletar sementes em outras aldeias do povo Kalapalo para enriquecer o plantio com espécies de interesse das comunidades.
Os estudos para monitoramento de agrotóxicos nesta área, enfatizada pelos índios, estão sendo feitos em parceria envolvendo a Faculdade de Medicina da Universidade Federal Paulista (Unifesp), a Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e o ISA, por meio da coleta de água da chuva, do rio e do ar. Com a solicitação dos Kalapalo amplia-se a área de estudo que já havia sido solicitada para a região da TI Wawi, pelo povo Kisêdjê, e para a região da aldeia Ipatse, dos Kuikuro, no interior do TIX.
O Grupo de Trabalho de Proteção Territorial do TIX volta a se reunir no início de 2017 para avaliar as ações já executadas e discutir o planejamento para as ações para o novo ano.
https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/desmatamento-e-degradacao-ambiental-ameacam-territorio-indigena-do-xingu
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Áreas Protegidas Relacionadas
- TI Xingu
- TI Wawi
- TI Pequizal do Naruvôtu
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