Sem carteiras e materiais, escola municipal funciona em sala de posto de saúde

Correio do Estado- http://www.correiodoestado.com.br - 21/01/2017
Com a proximidade do início do ano letivo, Escola Municipal Indígena Ejiwajegi Polo Extensão, localizada na Aldeia Campina, na Reserva Indígena Kadiwéw, em Porto Murtinho, não tem estrutura para abrigar os 22 alunos do 1o ao 8o ano do ensino fundamental e funciona em uma sala pequena do Posto de Saúde da aldeia.

Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF/MS), responsável constitucionalmente pela defesa dos direitos e interesses da comunidade indígena, denunciou o caso no fim do ano passado e informou que estudava melhor medida para resolver o caso.

Ontem, assessoria de imprensa do órgão informou que situação permanece a mesma e, como o MPF já acionou a Prefeitura por várias vezes para resolver o caso, mas como não foram tomadas medidas, ação será ajuizada para assegurar os direitos da comunidade

Portal Correio do Estado entrou em contato com a Prefeitura de Porto Murtinho para saber se a nova administração adotar medidas sobre o caso, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta reportagem.

Conforme o MPF, Secretária de Educação do Município nunca enviou material para a escola. Professor que leciona no local improvisado pagou do próprio bolso o frete para enviar carteiras e livros que conseguiu juntar em outras escolas indígenas mais aparelhadas. Cadernos e outros materiais foram comprados pelos pais.

Além da falta de materiais, a falta de uma escola de fato prejudica o ensino. Sala do posto de saúde onde alunos têm aula não tem ar condicionado e só há um banheiro, compartilhado com pacientes do posto.

Às quintas-feiras, quando médico presta atendimento na unidade de saude, não há aulas. Nos dias em que todos os 22 estudantes comparecem, turma é dividida por conta da falta de espaço, e uma parte vai para o lado de fora, onde aula é ao ar livre, debaixo de sol.

Barraco foi improvisado para comportar todos, mas lona rasgou e não há recursos para compra de outra.

Funcionando na base do improviso e sem auxílio da prefeitura, aprendizado é comprometido, com alunos que chegam ao 8o ano sem saber ler ou escrever.

Mãe de dois meninos, de 10 e 13 anos, Rosimeire Simeão Ferraz disse que o de 13 anos "lê um pouco", mas não o suficiente para passar em teste de bolsa de estudos de uma fundação privada. Segundo ela, garoto foi aprovado em todas as séries, com notas altas, mas isso não se traduz em conhecimento.

Seley Ferraz tem um filho de 11 anos, que estuda no 4o ano, mas que também não sabe ler ou escrever.

"Pensei em ir para Bodoquena, a cidade mais próxima, para ele estudar mas o aluguel e outros custos não permitem", disse.

Professor da escola, Pedro Nunes Romeu Filho, disse que além da situação precária do local, a sala única atrapalha o aprendizado. Segundo ele, são 22 alunos de séries diferentes que estudam juntos.

"Atrapalha muito, deveria ter uma pessoa própria para trabalhar na educação infantil, porque misturar é complicado"

Professor disse ainda que já pediu ajuda a prefeitura várias vezes, mas foi informado que não havia recursos e que outras unidades já haviam sido fechadas.



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