Índios dão 15 dias para 'brancos' deixarem as aldeias de Dourados

O Progresso- http://www.progresso.com.br - 23/02/2017
Caciques e lideranças indígenas da Reserva de Dourados deram 15 dias para que autoridades de segurança retirem das aldeias um total de 260 "não-indios" tidos pela comunidade como invasores e criminosos. Vencido esse prazo, eles pretendem expulsar o grupo, 'fazendo justiça com as próprias mãos".

A informação é do cacique da aldeia Jaguapiru Silvio de Leão. Segundo ele, na manhã de ontem um documento foi entregue para representante da Fundação Nacional do Índio (Funai), que esteve na reserva ouvindo a comunidade. "Nós estamos alertando as autoridades que faremos a retirada por nossas próprias mãos daqueles que estão na Reserva Indígena explorando nosso povo. São décadas de exploração de mão de obra escrava, principalmente para o tráfico de drogas e ninguém faz nada. Vamos dar um basta nisso", destacou.

Conforme publicou na edição de ontem O PROGRESSO, em recente mapeamento feito pela comunidade foram constatados mais de 60 pontos de drogas na reserva, que seriam geridos por não-indios que se refugiam nas aldeias para cometer crimes.

Segundo o cacique, a comunidade vive amedrontada. Famílias, que já sofrem com a miséria, perdem tudo o que conseguiram através dos programas sociais, por causa da dívida das drogas, que só aumentam. "Muitos deles fazem parte de quadrilhas especializadas em furtos, desmanches, receptação e tráfico de drogas. Daqui sai muito do que é roubado na cidade e, apesar de denunciarmos os casos para a polícia, nenhuma providência é tomada. Nas raras vezes que a Polícia apareceu aqui, a informação vazou antes e os policiais nada apreenderam. Os bandidos se aproveitam que não há segurança e tomam conta da reserva. Exploram nossos patrícios, matam, ameaçam, roubam e fazem das aldeias seus verdadeiros impérios", destaca o cacique Silvio de Leão, da aldeia Jaguapiru.

Segundo ele, apesar de ser um direito constituído do índio, as lideranças não conseguem fazer a retirada de integrantes que eles consideram nocivos, porque há resistência de até mesmo pessoas ligadas ao poder público. "Um servidor esteve na Reserva e não deixou que a comunidade fizesse a retirada pacífica de um pistoleiro, que está na comunidade a serviço de fazendeiros. Além de não ser índio, ameaça a comunidade, rouba, atira nas pessoas, aterroriza e quebra qualquer regra indígena aqui. Fomos praticamente ameaçados por esse cidadão", destacou a liderança Valdinez Ramirez.


Recrutamento


Conforme publicou na edição de ontem, pelo menos 30% das crianças a partir dos 8 anos estariam recrutadas pelo tráfico de drogas dentro da Reserva Indígena de Dourados. A constatação é do cacique Silvio Leão e lideranças. Segundo ele. traficantes que invadiram a reserva viciam e recrutam crianças para o crime. "A estratégia é simples. Fornecem drogas de forma gratuíta e depois começam a cobrar. Os menores ficam sendo ameaçados e para quitar a dívida entram para o crime. As meninas chegam a se prostituir", destaca.

O diretor da Escola Tengatui marangatu, Aginaldo Rodrigues conta que em 2016 foram apreendidas dezenas de armas brancas e papelotes de drogas com alunos. Ele disse que chama os pais dessas crianças mas eles dificilmente aparecem porque na maioria dos casos também são viciados.



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PIB:Mato Grosso do Sul

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