Com a celebração da posse da nova coordenação geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), a 46ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, marcada pelo tema "unir para fortalecer a vida e a cultura dos povos indígenas" encerrou na madrugada do dia 15, com a expressão de luta das lideranças tradicionais, pioneiros na luta indígena em Roraima Waldir Tobias, Nelino Galé, Clovis Ambrósio e demais lideranças presentes no ato.
As lideranças pediram que a nova geração eleita para assumir o cargo de coordenadores do CIR, Enock Barroso Tenente (Coord.Geral), Edinho Batista de Souza (Vice.coord) e Maria Betânia Mota de Jesus (Secret.Movimento de Mulheres Indígena de Roraima), sejam firmes na continuidade da luta e dos trabalhos iniciados há mais de 40 anos na organização indígena. Uma organização criada para defender os direitos e interesses dos povos indígenas de Roraima.
A Assembleia, realizada no período de 11 a 14 de março, no Centro Regional Lago Caracaranã, sagrado Lago, região da Raposa, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, mais uma vez recebeu aproximadamente 1.400 participantes, entre Tuxauas, coordenadores regionais, mulheres, professores, jovens, agentes indígenas de saúde, agentes ambientais e territoriais, seguranças indígenas, além, dos convidados e representantes das instituições públicas, entidades indigenistas e sociais. Foram quatro dias de fortalecimento da luta e reafirmação dos direitos indígenas conquistados na Constituição Federal de 1988.
O primeiro dia foi dedicado para os informes das regiões repassados pelos coordenadores regionais e lideranças indígenas. Informes sobre a organização social das comunidades indígenas, sustentabilidade, saúde, educação e outras demandas locais.
Outro momento importante foi o resultado da eleição da nova coordenação geral do Conselho Indígena de Roraima, onde nove etnorregiões Amajari, Baixo Cotingo, Murupu, Raposa, Serras, Surumu, Serra da Lua, Tabaio e Wai-Wai, participaram do pleito.
Conforme o resultado anunciado na Assembleia assume a coordenação Enock Barroso Tenente com 3.023 votos, a vice-coordenação Edinho Batista de Souza com 2.712 e na Secretaria do Movimento de Mulheres Indígenas de Roraima, Maria Betânia Mota de Jesus, com 3.077 votos.
Enock Barroso Tenente, 26 anos, é do povo indígena Taurepang, da comunidade indígena Aracá, região Amajari, Terra Indígena Aracá. Edinho Batista de Souza, 37, pertence à etnia Macuxi, da comunidade indígena Maturuca, região das Serras, Terra Indígena Raposa Serra do Sol e Maria Betânia Mota de Jesus, 34, também é da etnia Macuxi, da comunidade indígena Aningal, região Amajari, Terra Indígena Aningal.
No ato da posse, os ex-coordenadores que assumiram um mandato de seis anos frente à organização indígena, Mario Nicacio, Wapichana, Ivaldo André, Macuxi e Telma Marques, Taurepang, se despediram da coordenação da organização, mas reafirmaram compromisso de continuar na luta pelos direitos indígenas junto à organização e outros espaços que assumirão a partir da nova etapa.
Para recepcionar os coordenadores, cada região trouxe um símbolo para recepcionar os atuais coordenadores. A região da Serra da Lua apresentou a Constituição Federal de 1988, como forma de fortalecer a luta pelos direitos indígenas conquistados, a região do Amajari, levou a darruana como símbolo de valorização da cultura indígena e o peixe, para fortalecer o potencial sustentável das comunidades indígenas.
A região da Raposa apresentou a panela de barro, simbolizando a tradição milenar, a região do Baixo Cotingo, também apresentou o principal símbolo de luta dos povos indígenas, a terra, a região Surumu, levou a água, como fonte de vida, riqueza hídrica e sustentabilidade, o Murupu entregou aos coordenadores, artesanatos (brincos e colares), o Tabaio apresentou medicamentos caseiros, simbolizando o uso e valorização da medicina tradicional, e a região das Serras, o feixe de vara, símbolo de união e força dos povos indígenas de Roraima.
No ato os coordenadores assinaram o termo de compromisso e se comprometeram diante da Assembleia em respeitar as disposições do Estatuto Social do CIR, respeitar as diversidades socioculturais dos povos indígenas de Roraima, e respeitar o tratamento igual todas as comunidades indígenas das etnorregiões que são membro da organização indígena. Outro ponto de compromisso, respeitar as decisões das Assembleias de não a bebida alcoólica e sim a comunidade, além, de manter ações, atividades e acordos das parcerias já assumidos pela coordenação anterior e coordenadores regionais.
Com o mandato da coordenação geral para os próximos dois anos, 2017 a 2019, a cerimônia de posse encerrou com a defumação do maruai feito pela pajé, Mariana Tobias, Macuxi.
Mais informações sobre a Assembleia, no boletim mensal do mês de março, em breve.
http://racismoambiental.net.br/2017/03/20/cir-tem-nova-coordenacao-geral-para-o-bienio-2017-a-2019/
PIB:Roraima/Lavrado
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