Grupo Bro MC's mostra o rap indígena nesta sexta

Jornal Cruzeiro do Sul jornalcruzeiro.com.br - 04/04/2017
Com rimas cantadas em tupi guarani e em português, o rap indígena do grupo Bro MC"s será a atração do Sesc na próxima sexta-feira (7). O show gratuito e aberto a todos os interessados ocorre às 20h, na área de convivência da unidade (rua Barão de Piratininga, 555).

Reconhecido como o primeiro grupo indígena de rap no Brasil, o quarteto de etnia Guarani Kaiowa se apresentará pela segunda vez na cidade -- a primeira vez que esteve em Sorocaba, também no Sesc, foi em 2012 -- mesclando faixas de seu álbum de estreia, homônimo, lançado em 2009, com músicas inéditas que farão parte do próximo disco.

Como flechas lançadas, as músicas do grupo miram a aproximação dos não-índios para os assuntos como lutas, anseios, conquistas e vitórias dos povos indígenas do Brasil. Formado por Bruno Veron, Kelvin Peixoto, Clemersom Batista e Charlie Peixoto, todos da Aldeia Jaguapirú Bororó, em Dourados, Mato Grosso do Sul, o quinteto está em fase de produção de seu segundo disco, que deve ser lançado até o final deste ano.

Produtor do grupo, Higor Lobo comenta que a aproximação dos jovens indígenas com o rap ocorreu por meio das ondas do rádio, sob a influência de grupos como Racionais MC"s que ouviam em um programa dedicado ao gênero. "O som dos guetos urbanos chegava na aldeia eles se identificavam com o discurso, porque a realidade é muito próxima. A aldeia, assim como a periferia das grandes cidades, é um espaço da precarização, da miséria, do esquecimento do estado ao longo do tempo", afirma.

Com quase 10 anos de carreira, o Bro MC"s ocupa papel de destaque no cenário do hip hop nacional. Além disso, seu discurso particular, do ponto de vista dos indígenas que habitam um município marcado pela violência juvenil próximo à fronteira com o Paraguai, é uma referência para jovens que vivem em grandes centros urbanos de outras partes do país. "Tem uma frase do [rapper] Gog que diz que "Periferia é periferia em qualquer lugar" e a gente concorda plenamente. Existem as características regionais, mas o contexto social é sempre o mesmo. Assim como a origem do hip hop, nos Estados Unidos, a música do Bro MC"s traz a existência e a resistência pelo seu território, porque o indígena é a extensão de seu território. A terra não é uma posse, é a continuação do seu próprio corpo", acrescenta.

De acordo com Higor, o novo álbum será integralmente composto por músicas cantadas em guarani. "O intuito é fazer com que as pessoas tenham acesso à língua, tanto falada quanto escrita. A nossa ideia é que o encarte do CD traga a letra original e tradução em português, fazendo com que as pessoas se aprofundem nesse ambiente, que é muito rico e muito restrito", diz.

Ainda sem título, o novo disco vai trazer músicas que relatam as experiências de expansão de territórios vivenciadas pelo grupo, que desde seu surgimento já fez turnês por todas as regiões do Brasil. "Até então, a juventude indígena era muito reclusa ao interior da aldeia, pelo fato da cidade ser espaço de opressão. E a gente tem conseguido romper essas barreiras do preconceito, da invisibilidade, da intolerância ao outro e de todo um estereótipo que, de alguma maneira, estabelece um determinado perfil ao indígena", finaliza.

O show faz parte do projeto Povos Sagrados - Expressões Indígenas, que ocorre durante todo o mês de abril no Sesc Sorocaba, com uma extensa programação voltada ao protagonismo da cultura indígena.



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PIB:Mato Grosso do Sul

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