Temer recebe bancada federal de Roraima e diz que Linhão de Tucuruí é prioridade

Folha de Boa Vista- http://folhabv.com.br - 05/05/2017
O presidente Michel Temer voltou a receber nesta quinta-feira, dia 4, parte da bancada de deputados federais de Roraima para discutir as obras do Linhão de Tucuruí, que interligará Roraima ao SIN (Sistema Interligado Nacional), a partir de Manaus (AM).

Segundo o vice-presidente do PP, deputado Hiran Gonçalves (RR), desta vez a reunião serviu para que fossem informados os desdobramentos da decisão presidencial para a retomada da obra que será conduzida pela Eletronorte e destacada a posição do presidente Temer de priorizar essa pauta. A reunião foi acompanhada pelo Ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy.

O decreto presidencial assinado no último dia 26 de abril autorizou a utilização das CCCs (Contas de Consumo de Combustíveis Fósseis) com aporte financeiro de cerca de R$ 27 milhões. O recurso já está previsto no Orçamento de Investimentos do exercício de 2017.

Para o deputado Hiran Gonçalves, a decisão de o presidente Temer, de convidar os deputados federais de Roraima para uma nova rodada de conversas dá a dimensão da preocupação com a grave situação da energia no estado. "O presidente fez questão de deixar claro que está tentando ajudar da melhor maneira possível e que tudo será feito para que a obra seja recomeçada dentro do prazo mais curto", disse.

A bancada manifestou a preocupação com a evolução de interligação do Linhão de Tucuruí com Roraima. No entendimento de Gonçalves, o único impedimento que está travando a liberação da licença de instalação da linha de Tucuruí é a conclusão da negociação de condicionantes com os representantes indígenas da comunidade Atroari Waimiri. "Nós cobramos do presidente Temer a resolução dessa questão, uma vez que a população do estado de Roraima já não aguenta mais esperar pela energia e se cansou de usar a energia vaga-lume que vem da Venezuela", afirmou o parlamentar.

Ele explicou que os grandes intervalos sem energia, não só na Capital como também no Interior, geram seguidos prejuízos para a classe produtora e muitos danos para população que contabiliza seguidos prejuízos com aparelhos eletrodomésticos queimados em casa.

O deputado Abel Galinha (DEM), coordenador da bancada, disse que o presidente Temer garantiu que as providências para resolver o problema serão tomadas de forma imediata. "Estamos cobrando cada vez mais o Governo Federal para liberar o Linhão e a corrente na BR 174. Ele nos garantiu que resolverá o problema".

O deputado Jhonatan de Jesus (PRB) se mostrou otimista com a nova reunião. "Já tem a nova indicação e hoje [quinta-feira] soubemos a notícia que o novo presidente da Funai [Fundação Nacional do Índio] será indicado para que as negociações continuem o mais rápido possível. O presidente está otimista que logo esse assunto vai se resolver".


Reunião com indígenas foi cancelada


A nova rodada de negociação da Funai (Fundação Nacional do Índio) com os índios Wamiri-Atroari para que permitam a construção do Linhão na faixa de domínio da BR-174, que atravessa a terra indígena daquela etnia, foi cancelada. Os Wamiri-Atroari enviaram documento para a bancada cancelando a rodada de negociação após os rumores da saída do presidente da Funai do cargo, conforme havia adiantado a coluna Parabólica da Folha.

O atual coordenador da Funai em Roraima, Riley Barbosa Mendes, disse que a coordenação nem estava ciente da reunião. "Pode ter sido feito via Brasília [DF] e não passaram pra gente. Não recebemos informações com relação a essa reunião com os indígenas".

Segundo o diretor técnico da Transnorte, Raul Ferreira, a reunião aconteceria nos dias 27 e 28 de abril e foi cancelada por conta da iminente saída do presidente da Funai. "Precisamos da licença ambiental para retomar as obras do Linhão de Tucuruí. Os estudos de Manaus [AM] até a fronteira da Terra Indígena Waimiri Atroari e dessa fronteira até Boa Vista já estão concluídos. Só precisa agora concluir dentro da terra indígena", informou.

A licença de instalação dará à concessionária autorização para adentrar a terra indígena e realizar os estudos necessários. Nesse trecho, são 122 quilômetros. "Não temos influencia nem ingerência para esse andamento. Estamos literalmente no aguardo do licenciamento ambiental para dar andamento na obra", explicou.


Política indigenista


O governo Michel Temer levou sete meses para nomear o presidente da Funai, o órgão responsável por ditar a política indigenista brasileira, assim como por coordenar o processo de demarcação das terras deles. Agora, quatro meses depois que Antônio Costa, o dentista e pastor evangélico indicado pelo Partido Social Cristão (PSC) assumiu a função, deve ser exonerado do cargo, o que vem provocando revolta nos índios. Costa teria se negado a nomear uma série de políticos para cargos técnicos inclusive na coordenadoria da Funai em Roraima.

Costa contrariou Serraglio na nomeação de três coordenadores regionais nas cidades de Boa Vista (Roraima), Campo Grande (MS) e Passo Fundo (RS). Os indicados teriam o apoio da bancada ruralista, grupo de parlamentares contrários à política indigenista e à demarcação de terras para essa população.

Como já havia acordos para que técnicos ocupassem essas vagas com as bênçãos de líderes indígenas, houve um mal-estar interno e até uma ameaça de invasão das três coordenadorias.

Mais recentemente, em março, a Funai teve de extinguir 347 cargos de seu corpo de funcionários e fechar 50 coordenadorias locais, que eram espécies de prepostos de atendimento direto da comunidade indígena.



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PIB:Roraima/Mata

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