PF cumpre mandado em prefeitura de MT por propina a cacique para extração ilegal em área indígena

G1- http://g1.globo.com - 25/05/2017
A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na Prefeitura de General Carneiro, a 449 km de Cuiabá, e na residência da ex-prefeita do município, Magali Amorim Vilela (PSD), nesta quinta-feira (25). A operação visa combater uma organização criminosa que teria extraído madeira ilegalmente da Aldeia Cabeceira da Pedra, localizada na Terra Indígena Sangradouro, naquele município, e seria responsável pelo desvio de verba pública em General Carneiro.

A extração ilegal na terra indígena teria sido liberada por um cacique da aldeia, mediante pagamento de propina. A madeira seria utilizada para reformar e construir pontes em General Carneiro, segundo a polícia.

O G1 tentou, mas não conseguiu contato com a ex-prefeita. Por meio de nota, a Prefeitura de General Carneiro afirmou que a operação não tem ligação com a atual gestão, que os documentos apreendidos remetem ao ano de 2015 e que está colaborando com as investigações.

Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos, ainda, nas residências de um empresário e do ex-secretário do Obras do município e na sede de uma construtora. Foram apreendidos documentos, mídias digitais (computadores, CDs, DVDs, HDs e pen drives) e celulares.

Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Barra do Garças, a 516 km de Cuiabá, após pedido do delegado Rafael Valadares. Tanto a ex-prefeita como os ex-secretários, o empresário e o cacique da aldeia foram conduzidos coercitivamente até à Delegacia da Polícia Federal em Barra do Garças. Segundo a PF, todos foram liberados após prestarem depoimento.


Investigação


Conforme a PF, as investigações tiveram início em setembro de 2015, a partir de uma denúncia anônima que apontava extração ilegal de madeira no interior da terra indígena para a construção e reforma de pontes naquele município. Ao verificar a situação, os policiais encontraram caminhões e funcionários municipais atuando na extração ilegal, sob ordem da prefeitura.

Segundo a polícia, os funcionários confirmaram que a extração era feitra por determinação da prefeita e que os pagamentos pelo serviço eram efetuados pelo dono da ASS Gama.

Consta na decisão da Justiça Federal que a polícia solicitou documentos da administração municipal sobre a extração, mas enfrentou a resistência da então prefeita Magali Vilela em atender o pedido. Além disso, a ex-gestora não teria mencionado a existência de duas licitações que visavam a realização das obras que já estavam sendo executadas pela prefeituras nas pontes do município, inclusive tendo uma construtora como vencedora dos certames.

Os contratos totalizaram cerca de R$ 331,9 mil, sendo que a planilha orçamentária apresentada pela empresa apontava que cerca de R$ 110 mil seriam utilizados para aquisição de madeira, quando o material, na verdade, estava sendo fornecido pela própria prefeitura. Em depoimento à PF, durante a condução do inquérito, o dono da empresa teria confirmado as informações.

As investigações apontam ainda que o cacique da Aldeia Cabeceira da Pedra teria recebido R$ 5 mil do então secretário municipal de Obras para autorizar a extração madeireira na área da aldeia. O início das obras teria sido determinado pelo ex-secretário de Administração e marido da prefeita Magali Vilela antes mesmo da realização das licitações, segundo a PF.


Crimes


Consta na decisão da Justiça Federal que tanto a PF quando agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) teriam confirmado o desmatamento da Terra Indígena Sangradouro.

Segundo a PF, os investigados serão indiciados por peculato, furto qualificado, usurpação de matéria-prima da União e organização criminosa.



http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/pf-cumpre-mandado-em-prefeitura-de-mt-por-propina-a-cacique-para-extracao-ilegal-em-area-indigena.ghtml
PIB:Leste do Mato Grosso

Áreas Protegidas Relacionadas

  • TI Sangradouro/Volta Grande
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.