Indígenas morrem sem atendimento médico no interior de Roraima com estradas em más condições

G1 g1.globo.com - 28/07/2017
Cinco índios morreram nas últimas duas semanas sem receber atendimento médico em Uiramutã, cidade no Norte de Roraima. A região sofre com isolamento devido às chuvas e más condições de rodovias.

O asfalto na BR-433 nunca existiu. Do bueiro na RR-171 só restou o buraco no meio da estrada. Em outro trecho o esforço é grande para tirar a lama com um balde.

Um caminhão ficou um dia inteiro atolado na região. Ele transportava materiais de construção para reforma de um posto de saúde em uma comunidade indígena de Uiramutã.

"Aqui tá muito dificultoso. Ali em baixo também quebrou uma ponte. Já faz mais de um ano que essa ponte tá quebrada", relata Jose Marín, motorista.

A condição precária da BR-433 e de várias estradas da região ficou ainda mais crítica depois de uma enxurrada afetar a localidade no mês de maio. Na época, comunidades inteiras ficaram debaixo d'água.

De lá pra cá os rios já secaram, mas as estradas pioraram e começaram a afetar o abastecimento de alimentos e a prestação de socorro aos índios com problema de saúde em 93 comunidades que vivem sob a ameaça de isolamento.

Um relatório da Secretaria de Saúde Indígena revelou que cinco pessoas morreram nas últimas duas semanas na região. Algumas não chegaram nem a receber atendimento médico por conta da intrafegabilidade das estradas.

"Esses óbitos poderiam ser evitáveis se tivesse chegado em tempo hábil nas unidades hospitalares. Era gente que poderia estar salvo se tivesse melhores condições de estradas para a gente fazer a remoção desses pacientes", diz Joseilson Câmara, coordenador do Distrito Sanitário Leste de Roraima (Dsei/Leste) da Sesai.

O marido de Janes dos Santos teve uma parada cardiorespiratória, mas quando o carro chegou já era tarde.

"A irmã dele pediu um carro pra remover e a gente ficou esperando. Só precisa morrer pessoa para resolver? Acho que não. Isso tinha que se resolver antes", Janes dos Santos, índigena.

A situação na localidade ficou ainda mais delicada depois que a empresa Paramazônia que presta serviço de táxi-aéreo suspendeu os voos de rotina. A suspensão foi após ocorrerem dois acidentes envolvendo aviões da empresa em menos de 20 dias.

"Vários lugares romperam os bueiros e isso dificulta muito as remoções que temos aqui na aprte terrestre. E o cancelamento do contrato com a Paramazônia que tinha com as comunidades indígenas foi suspenso. Isso tem prejudicado muito. Tem levado várias pessoas a óbitos", afirma o prefeito de Uiramutã, Dedel Araújo (PP).

Outro lado

Em nota, o Departamento de Infraestrutura e Transporte (Dnit) informou que tem feito serviços de recuperação na BR-433, mas ressaltou que as obras são afetadas pelas chuvas.

Conforme a nota, uma ponte de madeira está sendo construída no local e o Dnit tem auxiliar veículos que fica atolados na rodovia.

Já o governo estadual, responsável pela RR-171, informou que está em fase de estudo um convênio com o Exército para recuperar pontes e vicinais da região.

A nota ressalta ainda que desde que o Uiramutã foi atingido pelo transbordamento dos rios Maú e Uailã, o município tem recebido total atenção do governo do estado. Uma força-tarefa foi mobilizada para minimizar os efeitos das enchentes.




http://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/indigenas-morrem-sem-atendimento-medico-no-interior-de-roraima-com-estradas-em-mas-condicoes.ghtml
PIB:Roraima/Lavrado

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