Canoas são queimadas e clima de tensão aumenta na Enseada de Brito, em Palhoça

Notícias do Dia ndonlie.com.br - 08/08/2017
É cada dia mais tensa a relação entre os moradores da Enseada de Brito, em Palhoça e os índios guaranis da reserva do Morro dos Cavalos. Lideranças indígenas foram até a delegacia de polícia, nesta segunda-feira (7), denunciar atos de vandalismo ocorridos entre a última sexta-feira (4) e a madrugada de sábado (5). Canoas que eram usadas pela aldeia para pescar amanheceram queimadas. Moradores da Enseada de Brito não aceitam a demarcação das terras indígenas e acusam os índios de invasão de propriedade Os guaranis garantem que só áreas de mata foram ocupadas, conforme previsto a partir da demarcação.

A ambientalista Kerexu Yxapyry, liderança dos indígenas, revelou que na sexta-feira um homem entrou na aldeia, filmando com um celular e fazendo ameaças. Teria dito que colocaria fogo nos índios, por isso é o principal suspeito do atentado. Um drone também estaria sendo usado para fotografar e filmar os guaranis. "A terra do Morro dos Cavalos está demarcada e aos poucos está sendo ocupada pelos guaranis. Tivemos uma nova ocupação, mas em uma área onde não tem casa, é mata mesmo. Então começaram esses ataques e ameaças. Não invadimos casa de ninguém, como eles alegam. Eles, de outro lado, invadem nossa aldeia para nos filmar com drone", comenta.

Segundo ela, os guaranis vão continuar lutando pela consolidação da reserva do Morro dos Cavalos. A ambientalista pede que as pessoas olhem os dois lados da história antes de julgar os indígenas. "Existe o conceito que o colonizador colocou nas escolas, e que congelou a cabeça das pessoas, de que o índio tem que andar com pena na cabeça, pelado e viver da pesca. Se todos os povos evoluem, porque não podemos evoluir? Estamos vivendo aqui em clima de tensão, sabendo que temos direito", continuou.
Câmara marca audiêcia pública

Na tentativa de reduzir a tensão na região do Morro dos Cavalos, a Câmara de Vereadores de Palhoça marcou para o próximo dia 14, às 19h30, uma audiência pública a com a participação da comunidade e da Funai (Fundação Nacional do Índio). Os indígenas garantiram ontem que não foram convidados.

Segundo adianta o vereador Luciano Pereira (PSB), a demarcação da terra indígena tem afetado muitas famílias e o encontro ajudará a expor toda a questão envolvendo as duas partes. O parlamentar, que diz estar acompanhando o caso de perto, reforça ainda que a população da Enseada de Brito não é contra os índios, mas vê arbitrariedade na Funai ao demarcar uma terra que consideram consolidada.

"Demarcaram dizendo ser indígena, sendo que não produzem na terra. É uma área consolidada onde já tem proprietário, talvez foi uma demarcação pouco técnica. Acredito que a Funai autorizou eles a ocupar aquela essa área onde estão. Parte da comunidade capta água na região e ai esse conflito acaba colocando um contra o outro, não haveria necessidade disso", pontua o vereador.



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PIB:Sul

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