Com entraves entre órgãos públicos, ferrovias de SC não têm prazo para sair do papel

G1 g1.globo.com - 28/08/2017
Entraves entre órgãos públicos dificultam o andamento de projetos de ferrovias em Santa Catarina. Há ideias para fazer estradas de ferro para levar a produção do Oeste para os portos do estado e uma linha litorânea. Ainda não há prazo para nenhum dos dois projetos saírem do papel, como mostrou a primeira reportagem de uma série especial do NSC Notícias nesta segunda-feira (28).

Oeste

Em uma única unidade de uma das maiores agroindústrias do Oeste catarinense, são carregados de 40 a 45 caminhões contêineres por dia, que levam entre 20 e 25 toneladas de produtos alimentícios cada um. Todo esse carregamento precisa chegar aos portos, no litoral.

Se um caminhão deixa a empresa perto das 12h para ir ao Porto de Navegantes, no Litoral Norte, precisa atravessar o estado pela BR-282. Como às 22h os motoristas precisam parar para respeitar o período de descanso, a carga só chega ao porto no dia seguinte. São 520 quilômetros de Chapecó, no Oeste, até o porto.

O pesquisador e engenheiro aposentado Sílvio dos Santos argumentou que haveria muitas vantagens de levar a carne em um trem. "O custo ferroviário é metade ou até um terço do rodoviário, dependendo do volume de carga que eu vou levar. Ou seja, a ferrovia realmente, em termos energéticos e de custo, é bem mais vantajosa".

Em 1995, o governo estadual fez o primeiro plano para uma ferrovia de integração, mas a ideia não foi adiante.

Há três anos, o governo federal anunciou em Chapecó um estudo para construir a Ferrovia do Frango. A Valec, empresa pública que faz projetos de ferrovias, ainda não definiu o traçado. Depois dessa etapa, falta ainda o projeto da obra, as audiências públicas e a licitação. Não há prazo para a obra começar.

Litoral

Do outro lado do estado, o governo federal também prometeu uma ferrovia, a litorânea. A primeira ideia é antiga: quando o Brasil ainda era um império, Dom Pedro II autorizou a construção de uma estrada de ferro que iria de Porto Alegre até o extinto porto de Florianópolis. Mas isso nunca passou de um projeto.

Atualmente, o governo desenha o traçado da ferrovia litorânea. Mas falta comunicação entre o Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) e a Fundação Nacional do Índio (Funai).

Em uma reunião na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), a representante da Funai disse que esperava um documento do Dnit e o representante do Dnit disse que esperava um documento da Funai.

A burocracia é por causa do Morro dos Cavalos, em Palhoça, na Grande Florianópolis, onde fica uma aldeia indígena, o que exige um estudo sobre a passagem da ferrovia. Enquanto isso, o projeto ficou parado em Brasília. "O que falta é uma interlocução entre as entidades envolvidas. Nós temos três entidades que estão diretamente ligadas, a Funai, o Dnit e a Valec, então é preciso que esses três órgãos do governo federal se conversem", afirmou o presidente da Câmara de Transporte da Fiesc, Mário Cezar Aguiar.




http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/com-entraves-entre-orgaos-publicos-ferrovias-de-sc-nao-tem-prazo-para-sair-do-papel.ghtml
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