Latifundiários põe fogo em liderança indígena no Ceará

Diário da Causa Operária causaoperaria.org.br - 31/08/2017
Na madrugada deste domingo (27/08), a liderança indígena da etnia Pitaguary, Mauricio Alves Feitosa, foi espancada e ateado fogo durante ação dos latifundiários na cidade de Maracanaú, no estado do Ceará.

Segundo informações, Maurício Pitaguary acordou em sua residência com um forte cheiro de gasolina e fumaça. Percebeu que sua casa estava em chamas e tentou fugir, mas foi pego por dois pistoleiros que o espancaram até deixá-lo inconsciente e depois foi jogado novamente dentro da casa em chamas. O indígena sobreviveu mas corre risco de vida no Hospital Central de Fortaleza.

Maurício é uma das principais lideranças indígenas do Ceará, e juntamente com sua irmã Ceiça Pitaguary organizam movimento indígena do estado, e principalmente após o golpe de Estado. No início deste mês, durante as manifestações indígenas contra o chamado Marco Temporal apresentado pela bancada ruralista, as manifestações indígenas no estado do Ceará foi uma das maiores do país com mais de 6 mil indígenas nas ruas.

Também em março deste ano, Maurício e Ceiça Pitaguary lideraram a ocupação da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Fortaleza contra as medidas de destruição do órgão pelos golpistas, através da demissão de funcionários e indicação de latifundiários para a direção da Fundação.

As terras do povo Pitaguary localizadas na região metropolitana de Fortaleza, vivem em constante ameaças de mineradoras, latifundiários e especulação imobiliária. São defendidas com unhas e dentes pelo seu povo, que diversas vezes sofrem ameaças e violência.

Nesse contexto, Maurício e sua irmã são alvo principal dos latifundiários e mineradoras para acabar com as terras indígenas da região e utilizarem seus recursos. Colocarem fogo na residência e em Maurício Pitaguary é uma forma de aterrorizar as famílias indígenas que vivem e lutam por um pedaço de terra em todo o estado.

Essa violência sem tamanho só pode ocorrer com a situação política favorável, quando setores interessados na exploração das terras indígenas sabem que não vai haver punição, pois possuem o aval do judiciário e do Estado golpista.

É preciso lutar contra o golpe para barrar a ofensiva do latifúndio golpista. Não há outra maneira de impedir uma guerra civil no campo e de retirada dos direitos dos povos indígenas.




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