Voluntários instalam postes de luz em comunidade indígena do Morro dos Cavalos

Diário Catarinense dc.clicrbs.com.br - 25/11/2017
Canos de PVC, garrafas pet de dois litros, painéis solares, lâmpadas de led e uma bateria de sete amperes. Soma-se a isso 11 voluntários, um projeto consagrado internacionalmente e pessoas necessitadas e teremos um fim de semana mais iluminado na comunidade do Itaty, no Morro dos Cavalos, em Palhoça. A ONG Litro de Luz, com sua célula de Florianópolis, passará o sábado e domingo instalando postes de energia solar nos morros às margens da BR-101 onde vivem índios da etnia guarani, já que a comunidade tem muitos pontos onde não há energia elétrica ou iluminação pública.

Na segunda-feira, quando o trabalho estiver concluído, os indígenas do Itaty terão mais segurança para tarefas simples, como ir a um vizinho e não correr o risco de topar com uma cobra, além de poderem circular à noite com alguma visibilidade pelas estradas de chão que serpenteiam os morros da região.

O engenheiro de produção Alex Voitgt, 26 anos, líder da célula florianopolitana da ONG Litro de Luz, explica que o projeto, que já percorreu comunidades urbanas e rurais do Brasil e do mundo, objetiva melhorar as condições de vida de gente necessitada como de infraestrutura como os índios do Morro dos Cavalos.

- Aqui em Florianópolis, a gente começou a identificar comunidades que tivessem essa necessidade. Começamos a mapear algumas urbanas, como a Vila União, no Norte da Ilha, onde fizemos uma ação em 2015, e depois expandimos para áreas mais afastadas, e daí surgiu a ideia de fazermos o trabalho aqui no Morro dos Cavalos. Já instalamos 11 postes na semana passada, mais 12 neste sábado e 12 amanhã (domingo). Serão 35 postes ao todo em áreas da comunidade que não tinham iluminação - revela Alex, enquanto pelo rádio se comunica com os outros voluntários que em carrinhos de mão sobem a ribanceira com areia, brita e cimento para fazer a massa de sustentação dos postes sustentáveis.

Os postes estão instalados nos dois lados da BR-101, nos sentidos sul e norte da rodovia. Após fazerem o buraco no chão, o poste é montado com o cano PVC, o painel solar em cima, uma bateria de sete amperes, uma caixa hermética para não entrar água e umidade, uma lâmpada led e a garrafa pet. Mesmo que não faça sol por até três dias, a pequena bateria serve para dar autonomia à iluminação através do led.

- A garrafa pet colocamos para proteger a barrinha de led, e temos um circuito que faz a seleção. Agora, por exemplo, tem sol, então o led está desligado para que a bateria vá sendo carregada pelo sol. Quando for caindo a noite, às 19h, 20h, o led acende - ensina Alex, que trabalha no projeto nos dias de folga e depois de motar os kits, ensina, com a ajuda de seus colegas da Litro de Luz, os indígenas a fazer manutenção dos postes de energia solar quando necessário.

Índios comemoram instalação dos postes

Felizes. Assim estavam os índios guaranis da aldeia Itaty, no Morro dos Cavalos. Para o cacique Teófilo Gonçalves, liderança indígena da área, agora os perigos para alguns dos moradores que moram nas áreas mais íngremes vai diminuir, já que à noite a circulação de animais na localidade aumenta e no escuro o perigo aumentava consideravelmente. Além disso, destaca, os moradores terão um pouco mais de conforto com a iluminação nos caminhos por eles percorridos diariamente.

- Vai ajudar muito a comunidade inteira. As cobras eram um perigo no escuro, mas agora vai ser melhor - destaca Teófilo.

Tímido, o indígena Leandro da Silva Euzébio, resumiu em poucas palavras o sentimento da comunidade com a instalação dos postes pela ONG Litro de Luz:

- É melhor para viver.

ONG Litro de Luz deu primeiros passos no Brasil na UFSC

A ONG Litro de Luz nasceu de uma ideia do mecânico e inventor mineiro Alfredo Moser, que em 2002, cansado dos apagões em sua cidade, Uberaba, criou uma lâmpada que era garrafa pet com água e alvejante para colocar no teto e, através do sol, iluminar residências carentes durante o dia.

Anos depois, em 2011, um filipino entrou em contato com Moser pedindo para expandir a solução ou algo parecido com o mesmo intuito. Foi aí que surgiu a Liter of Light, ou litro de luz em português.

No Brasil, o projeto chegou em 2013, e a porta de entrada foi a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), após um aluno ter encampado o projeto depois de viajar pelo Quênia e perceber que os casebres de favelas eram muito próximas umas das outras e isso impedia a luz solar de chegar aos cômodos das casas.



http://dc.clicrbs.com.br/sc/estilo-de-vida/noticia/2017/11/voluntarios-instalam-postes-de-luz-em-comunidade-indigena-do-morro-dos-cavalos-10036012.html
PIB:Sul

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