Quatro mil mudas de araucária foram plantadas na retomada de uma fazenda no interior da Terra Indígena Rio dos Índios, em Vicente Dutra, na região norte do estado, divisa com Santa Catarina. Cerca de 500 kaingang participaram da ação, realizada na semana passada.
"Nossas terras foram todas desmatadas, e hoje os povos indígenas vêm plantar os pinheiros como prova de que queremos recuperar essas áreas. O pinhão era a base da alimentação do nosso povo. Queremos nossas terras para proteger, recuperar e viver de acordo com nossas tradições", diz Isaías da Rosa Kaingang, lideranças de uma área próxima, que participou da ação.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os kaingang de Rio dos Índios ocupam atualmente dois dos 715 hectares de terra a que tem direito, já declarados como terra tradicional indígena pelo Estado. O espaço abriga hoje 46 famílias, mais de 315 pessoas.
Em 2004, porém, quando foi publicada a portaria declaratória sobre a área, a demarcação parou. Os estudos para reconhecer o território foram iniciados há mais de 30 anos pela Funai.
"Essa decisão das lideranças do estado é importante pra população indígena e pro futuro. Queremos nossa terra demarcada para garantir nossa vida tradicional", afirma o Cacique Luís Salvador Kaingang, o Saci, da TI Rio dos Índios.
A área escolhida para o plantio das mudas de araucária, com cerca de 24 hectares, é parte de uma fazenda que está em cima de uma trecho da TI.
"A fazenda que estamos ocupando não é de pequeno agricultor, é de uma pessoa de alto padrão que criava gado aqui. Nós estamos fazendo o justo, porque ele não mora em cima da área", salienta Salvador.
Foi em uma audiência, em resposta ao protesto de 500 pessoas que tentaram expulsar os indígenas da área, que os deputados Alceu Moreira (MDB) e Luis Carlos Heinze (PP) fizeram as declarações de que quilombolas, índios, gays e lésbicas" são "tudo o que não presta". Moreira ainda incitou os ruralistas a "reunir verdadeiras multidões e expulsem do jeito que for necessário". O caso aconteceu em 2013. Um ano depois, o Ministério Público Federal apresentou uma representação contra os dois.
Os indígenas fazem questão de salientar que não tem problemas com os pequenos agricultores e defendem seu direito de serem indenizados e reassentados pelo governo do Estado. O que é garantido pela própria lei estadual.
"Se o Estado colocou eles aqui, ele tem que assumir esse compromisso com os pequenos agricultores, e não colocar eles contra o direito do índio. O governo tem que resolver o problema que ele criou", defende o cacique Salvador.
https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/geral/2018/05/indigenas-plantam-4-mil-mudas-de-araucaria-em-terra-com-demarcacao-atrasada-ha-14-anos-no-rs/
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