Desmatamento no Brasil atingiu seu maior nível nos últimos dez anos

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Desmatamento no Brasil atingiu seu maior nível nos últimos dez anos

POR YVETTE SIERRA PRAELI EM 7 DE DEZEMBRO DE 2018

Segundo dados oficiais do governo, a perda de florestas naquele país chegou a 790.000 hectares, cinco vezes o tamanho da Cidade do México.
Segundo especialistas, a principal causa seriam as mudanças nas normas ambientais aprovadas nos últimos anos.
A Amazônia brasileira desaparece sob o avanço do desmatamento. Um relatório recente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil ( INPE ) - órgão estadual do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações - revelou que entre agosto de 2017 e julho de 2018 a perda de florestas naquele país chegou a 790 000 hectares (7.900 quilômetros quadrados), 13,72% a mais do que no ano anterior.

A área de superfície destruída - cinco vezes o tamanho da Cidade do México - é a mais alta da última década naquele país e, segundo as medições do INPE, os maiores índices de desmatamento ocorreram nos estados do Pará, Mato Grosso. , Rondônia e Amazonas.
No Pará havia 284 mil hectares arrasados, quase a metade do que foi contado em todo o país. Mato Grosso ainda está na lista com 174 900, Rondônia está em terceiro com 131 400 e Amazonas em quarto lugar com 104 500. A tabela lista quatro outros estados cujo desmatamento flutua entre 25.000 e 47.000 hectares.

As causas por trás da perda de florestas
As principais razões para o crescente desmatamento na Amazônia brasileira, segundo especialistas consultados pela Mongabay Latam, estão relacionadas à expansão da agricultura e pecuária de larga escala, que tem seus principais representantes na soja e no gado; o aumento de investimentos em infraestrutura, como construção de estradas; e as decisões políticas do governo.

Carlos Durigan, diretor da Wildlife Conservation Society ( WCS ) no Brasil, considera que as obras de infraestrutura e o crescimento agrícola do país, assim como a demanda das cidades por mais recursos naturais e novas áreas de expansão estão causando esse desmatamento. No entanto, também menciona a ocupação irregular de terras públicas, bem como terras privadas.

Juan Doblas, analista de geoprocessamento do Instituto Socioambiental (ISA), é mais direto em sua avaliação da responsabilidade política na perda de florestas na Amazônia. "Achamos que houve muita influência política", diz ele. Isso se refere à crise política enfrentada pelo Brasil em 2016, quando a presidente Dilma Rousseff foi demitida e substituída por Michel Temer, que "colocou em seu gabinete ministros que faziam parte da bancada ruralista e representam os interesses de indústria agrícola ". Doblas comenta que até o ministro da Casa Civil da Presidência da República, Eliseo Padilha, é dono de muitas terras e tem um histórico conflito com o movimento de reforma agrária.

"A partir de 2016 temos a chegada do latifúndio ao poder e esse é um processo que está gradualmente tendo suas consequências", afirma Doblas. Em sua análise, o especialista observou que grande parte do desmatamento do último ano no Brasil ocorreu entre setembro e novembro de 2017, "consequência do primeiro ano das políticas de Temer, em que foram aprovados dispositivos legais que favoreceram a concentração de terra e a titulação de grandes extensões ocupadas de forma irregular ".

No início de outubro, o Mongabay Latam publicou um artigo em que já havia um aumento no desmatamento e foi feita referência às responsabilidades do governo.

O analista do ISA também comenta que quando há eleições no Brasil a taxa de desmatamento aumenta, porque quem possui a terra ilegalmente acredita que o novo governo não vai sancionar essas ações. Ele dá como exemplo o que aconteceu no território do Xingu, que essa organização monitora mensalmente. Naquela área, diz Doblas, houve um aumento no desmatamento no último mês da campanha eleitoral. "Estava começando a ver que Jair Bolsonaro ia ganhar, que possivelmente produziu invasão de territórios", diz ele em relação ao recém-eleito presidente do Brasil, que já anunciou medidas que afetariam o meio ambiente.

Outros fatores, como o aumento do preço da soja e da carne, também favoreceram um desmatamento maior devido à expansão da indústria agrícola sobre as florestas, diz Doblas.

Os números do desmatamento
"No ano passado, o governo aprovou uma nova lei que facilita a posse de terras ocupadas ilegalmente", comenta Paulo Barreto, pesquisador associado do Imazon , sobre um regulamento assinado em julho do ano passado que modificou o programa Terra Legal. Com essa disposição, diz Barreto, não só é mais fácil obter a propriedade da terra ocupada de forma irregular, mas também essas propriedades são adquiridas a preços abaixo do custo no mercado.
Barreto também se refere à perda de florestas em áreas naturais protegidas e à oferta do governo para reduzir o tamanho desses territórios. "Nos últimos anos, o desmatamento cresceu nessas áreas devido à expectativa da oferta do governo." Segundo o INPE , nos últimos cinco anos, foram perdidos 81 144 hectares de florestas nas dez áreas protegidas com maior desmatamento.

Em recente análise publicada pelo Imazon , é mencionado o caso da Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, que tem histórico de ocupação ilegal de grandes áreas. No entanto, o Congresso está atualmente avaliando, por meio de um projeto de lei, reduzir seus limites e, assim, regularizar as invasões.

Barreto conta que já em 2012, cientistas e especialistas em meio ambiente previam que a mudança na legislação florestal aumentaria o desmatamento da Amazônia brasileira. Agora, com os resultados apresentados pelo INPE, o projetado é verificado.

De acordo com os dados do monitoramento do governo brasileiro pelo INPE, em 2012, o menor desmatamento da história do Brasil foi apresentado desde 1988. Naquele ano, a perda de florestas atingiu 450.000 hectares (4.500 quilômetros quadrados). Desde essa data, o desmatamento vem aumentando. Em 2013, cresceu para 590.000 hectares. Houve uma ligeira queda em 2014, mas a partir de 2015 os números subiram para chegar a 790.000 hectares no ano passado.

Para gerar a estimativa de perda de floresta, explica o INPE, foram analisadas 93 imagens de satélite considerando dois critérios: regiões de cobertura, onde 90% do desmatamento registrado no ano anterior e avaliar os 39 municípios prioridade ao controlo listados na um decreto do Ministério do Meio Ambiente.

Após a publicação do relatório anual do INPE, o Ministério do Meio Ambiente do Brasil, por meio de um comunicado, afirmou que a extração ilegal de madeira tem sido o principal fator responsável pelo aumento do desmatamento no país. Ele também pediu ao governo para aumentar a vigilância policial da selva e resolver este problema.


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Amazônia:Desmatamento

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