Bolsonaro minimiza morte de cacique

DIário Comercio Indústrias & Serviços - https://www.dci.com.br - 30/07/2019
Assim que a Polícia Federal revelou, ontem, a abertura de inquérito no domingo (28) para investigar a morte de um cacique na semana passada em uma terra indígena no Amapá, após relatos de um possível ataque ao local, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que o excesso de reservas indígenas no país está "inviabilizando o agronegócio". E levantou dúvidas sobre o assassinato do cacique da etnia Waiãpi. Bolsonaro, defensor da legalização do garimpo, minimizou o caso: "Nesse caso agora aqui... não tem ainda nenhum indício forte de que esse índio foi assassinado lá agora. Chegaram várias possibilidades", disse, segundo a Reuters.

Polícia Federal abre inquérito

Conforme a Funai, a Coordenação Regional da Fundação Nacional do Índio no Amapá encaminhou para a presidência do órgão no sábado memorando informando sobre um possível ataque à Terra Indígena Waiãpi. A Funai disse que, por se tratar de um local de difícil acesso, a fundação alertou os órgãos de segurança da área para se certificar da veracidade das informações. "Neste domingo, após a chegada de servidores da Fundação, da Polícia Federal e do Bope, foi aberto inquérito pela PF para apurar a morte de um cacique que foi a óbito semana passada", diz a nota.

Índio quer legalizar garimpo?

Ao comentar o caso, Bolsonaro ressaltou que os índios também querem a legalização dos garimpos em suas terras. "É intenção minha regulamentar o garimpo, legalizar o garimpo. Inclusive para índio, que tem que ter o direito de explorar o garimpo na sua propriedade", afirmou, sem informar de onde saiu a informação sobre o apoio dos índios à exploração do garimpo nas reservas indígenas. O governo prepara um projeto de lei para ser encaminhado ao Congresso alterando a legislação que trata de terras indígenas para permitir o garimpo.

'Parar de demarcar reservas'

A ideia de Bolsonaro é buscar parcerias com países de "primeiro mundo" para fazer a exploração mineral dessas regiões. Segundo o presidente, o Brasil precisa parar de demarcar novas reservas porque isso está inviabilizando os negócios no país, e que o Brasil depende das commodities. "O Brasil vive de commodities, daqui a pouco o homem do campo vai perder a paciência e vai cuidar da vida dele. Vai vender a terra, aplicar aqui ou lá fora, e cuidar da vida dele. A gente vai viver do quê? Se esse negócio quebrar todo mundo vai para o barro, acabou o Brasil", afirmou.

Parceiros ou invasores

Crítico feroz da atuação das Organizações Não Governamentais (ONGs), brasileiras e estrangeiras, Bolsonaro as acusou de "quererem manter os indígenas em reservas por interesses econômicos". "E esse território que está nas mãos dos índios, mais de 90% nem sabem o que tem lá e mais cedo ou mais tarde vão se transformar em outros países. Está na cara que isso vai acontecer, a terra é riquíssima", afirmou o presidente da República. Difícil entender o raciocínio do presidente: uma hora quer parceria com os estrangeiros para explorar terras indígenas, outra os vê como invasores.


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PIB:Amapá/Norte do Pará

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