Abaixo-assinado com 439.000 assinaturas contra o genocídio Yanomami e Ye'kwana será entregue ao Congresso

Roraima em Foco - https://roraimaemfoco.com/ - 02/12/2020
Abaixo-assinado com 439.000 assinaturas contra o genocídio Yanomami e Ye'kwana será entregue ao Congresso

Publicado em 2 de dezembro de 2020

Covid-19 se espalhou entre os Yanomami, agravando ainda mais problemas já existentes como a malária introduzida pelos milhares de garimpeiros que operam ilegalmente em seu território. Fotos: Pieter Van Eecke/Clin d'Oeil Films
Uma petição com mais de 439.000 assinaturas pedindo ao governo que pare o genocídio dos povos Yanomami e Ye'kwana será entregue ao Congresso nesta quinta-feira, 3.

A petição "Fora Garimpo, Fora Covid" pede a expulsão imediata de 20 mil garimpeiros ilegais da Terra Indígena Yanomami (RR). Os garimpeiros trazem doenças, como o Covid-19 e a malária, e a atividade ilegal de extração de ouro está poluindo os rios.

A meta inicial para a petição era de 100.000 assinaturas.

O Covid-19 está espalhado em todo o território Yanomami e, apenas de agosto a outubro, os casos confirmados saltaram de 335 para 1.202. A falta de testes significa que o número real de casos é provavelmente muito maior.

O governo de Jair Bolsonaro apoia os garimpeiros. Suas ações têm prejudicado seriamente os esforços para evitar que o Covid-19 se espalhe dentro das terras indígenas. Pouco foi feito para remover os garimpeiros, cujo número aumentou dramaticamente nos últimos anos.

Joenia Wapichana, a primeira indígena deputada federal do Brasil, receberá, virtualmente, a petição das lideranças Yanomami e Ye'kwana. Outros representantes indígenas também estarão presentes no evento online.

No dia da entrega, a mensagem da campanha e pinturas Yanomami serão projetadas no prédio do Congresso pela primeira vez na história.

A entrega ocorre após a publicação de um novo relatório que revela a crise humanitária que se desdobra no território Yanomami. Dario Yanomami, porta-voz da campanha e vice-presidente da Hutukara (organização que representa os povos Yanomami e Ye'kwana) se referiu a isso como "um documento histórico pra mostrar como a doença se espalhou no nosso território."

Dario disse: "Queremos protocolar esse documento perante as autoridades brasileiras. É um instrumento de denúncia dos problemas da invasão dos garimpeiros, da contaminação do meio ambiente como os nossos rios e ainda sobre as doenças, essa xawara [epidemia], que tem matando muita gente."

Fiona Watson, diretora de Pesquisas e Campanhas da Survival, que trabalha com os Yanomami há três décadas, disse hoje: "O governo está rapidamente criando as condições para outro genocídio do povo Yanomami. Se as autoridades não agirem agora para expulsar os garimpeiros e impedir a disseminação do coronavírus e da malária, os Yanomami, os Ye'kwana e várias comunidades isoladas altamente vulneráveis do território verão suas vidas serem destruídas. A pressão pública está aumentando e o governo deve ser responsabilizado antes que seja tarde demais."

A campanha foi lançada em junho de 2020 em uma iniciativa do Fórum de Lideranças Yanomami e Ye'kwana e das seguintes organizações: Hutukara Associação Yanomami (HAY), Associação Wanasseduume Ye'kwana (SEDUUME), Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK), Texoli Associação Ninam do Estado de Roraima (TANER) e Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA).

A campanha conta com o apoio das organizações: Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Instituto Socioambiental (ISA), Survival International, Greenpeace Brasil, Conectas Direitos Humanos, Anistia Internacional Brasil, Rede de Cooperação Amazônica (RCA), Instituto Igarapé, Fundação Rainforest US, Fundação Rainforest Noruega e Amazon Watch.


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