Fundação do Parque Indígena do Xingu completa 60 anos nesta quarta
Território abriga 16 etnias que têm, ao longo dos anos, ampliado sua articulação na defesa de seus interesses.
Safira Campos
Da Redação
Primeira grande Terra Indígena (TI) demarcada pelo Governo Federal, em 1961, o Parque Indígena do Xingu completa 60 anos nesta quarta-feira (14.04). O território abriga atualmente 16 etnias bastante heterogêneas no aspecto cultural. As diferenças ficam expressas na variedade linguística entre os povos, na organização e na celebração de rituais. Interesses em nome da proteção TI têm, nos últimos anos, ampliado a articulação entre seus povos.
Entre as lutas atuais, os povos do Xingu têm reclamado maior poder de decisão junto à Fundação Nacional do Índio (Funai). Nesta semana, a União e a Funai ficaram proibidas pela Justiça de nomear o coordenador para a Regional Xingu da fundação sem que seja feita consulta prévia, livre e informada com as comunidades indígenas. Desde o começo do Governo Bolsonaro, a Funai tem tentado dar posse a militares em cargos de decisão.
As lutas também estão concentradas na conservação ambiental do parque. No ano passado, marcado por uma temporada severa de incêndios, o Xingu foi o território indígena com mais focos de queimadas do Brasil. A longa estiagem aliada ao desmatamento e à falta de fiscalização resultaram em recordes de destruição. Os indígenas chegaram a compartilhar o território todo coberto por fumaça, de uma maneira nunca antes vista.
Os desafios enfrentados pelo Xingu foram ampliados com a chegada da covid-19 em 2020. Mais de 45 mil casos de covid-19 e 600 mortes foram registrados entre indígenas no Brasil, de acordo com dados oficiais da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai). No Xingu, com a chegada da vacina, os indígenas também tiveram que lutar contra a desinformação e propagação de fake news. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) chegou a lançar uma campanha para incentivar a vacinação entre os povos.
Em meio aos desafios e lutas, o Xingu se fortalece como um território rico e diverso. Projetos encabeçados por organizações como Instituto Socioambiental (ISA) e a Associação Terra Indígena do Xingu (Atix) têm buscado incentivar a soberania alimentar, fortalecimento cultural e desenvolvimento de alternativas econômicas entre os povos. Esse movimento recente de articulação tem se estabelecido como um importante meio de interlocução com a sociedade nacional e proteção do território.
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