Ministério da Justiça envia Força Nacional à Terra Pirititi, onde há indígenas isolados e presença de madeireiros
Medida foi publicada na edição desta terça-feira (1o) do Diário Oficial da União. Terra Indígena Pirititi fica em Rorainópolis, no Sul do estado.
Por g1 RR - Boa Vista
01/11/2022
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) vai enviar militares da Força Nacional de Segurança Pública para a Terra Indígena Pirititi, localizada no município de Rorainópolis, ao Sul de Roraima, a fim de apoiar a Fundação Nacional do Índio (Funai) durante ações. A portaria foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (1o).
Com presença de indígenas isolados, a Terra Indígena Pirititi tem cerca de 40 mil hectares e perímetro aproximado de 192 km.
A área fica imediatamente acima da Reserva Indígena Waimiri Atroari, uma das maiores de Roraima, e é apontada como uma das mais vulneráveis ao desmatamento, com forte presença de madeireiros.
Conforme o Ministério, os militares da Força Nacional atuarão nas atividades e nos serviços de manutenção da ordem pública, da segurança das pessoas e na preservação do patrimônio. As ações serão em caráter episódico e planejado, por 90 dias. A atuação se encerra em 30 de janeiro de 2023.
"O contingente a ser disponibilizado obedecerá ao planejamento definido pela Diretoria da Força Nacional de Segurança Pública, da Secretaria Nacional de Segurança Pública", cita trecho do documento.
Procurado pelo g1, o MJSP informou que essa é a primeira vez que a Força Nacional atuará na Terra Indígena Pirititi, e que os agentes devem garantir a ordem pública, a segurança das pessoas e do patrimônio. O órgão não informou quando os militares serão enviados a região.
"Ainda não é possível divulgar efetivo, armamento e equipamentos. Estas informações são sensíveis à segurança da Operação, dos servidores da Força e por tanto restritas", ressaltou.
No ano passado, relatórios do Ibama apontam que, mesmo com a interdição, constatou-se expansão do desmatamento recente dentro dos limites da TI Pirititi e no entorno.
O Instituto Socioambiental fez um sobrevoo na região em janeiro deste ano e foram registradas clareiras vistos a olho nu. "A destruição da floresta avança de forma avassaladora para o interior do território indígena rumo à região habitada pelos isolados", afirmou o ISA.
Dados oficiais de desmatamento na Amazônia divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, até julho de 2021, foram desmatados 502,4 hectares no interior da TI, o que equivale a cerca de 300 mil árvores derrubadas.
Terra Indígena Pirititi e isolados
A Terra Indígena Pirititi está localizada no município de Rorainópolis, na região Sul de Roraima. Conforme a Fundação Nacional do Índio (Funai), o grupo é chamado de Piruichichi (Pirititi) ou Tiquiriá, parentes dos Waimiri-Atroari, na divisa com o Amazonas.
Durante a demarcação da TI Waimiri-Atroari, entre Roraima e o Amazonas, acreditava-se que esses indígenas estariam protegidos dentro da área demarcada. No entanto, estudos posteriores confirmaram sua presença fora da reserva.
Em 2011, foram avistadas maloca e roçado do grupo, durante sobrevoo da equipe da Funai. Não há informações sobre quantidade de indígenas que vivem na área.
Em maio deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) entrou na Justiça com um pedido de tutela provisória de urgência para garantir a proteção da reserva. A ação foi movida porque a região sofre graves ameaças de invasão e degradação por grileiros, colonos e madeireiros que vivem nos limites da área.
Cerca de 20 dias depois, a Funai prorrogou a portaria que restringe a entrada de pessoas não autorizadas na Terra Indígena Pirititi. Com a medida, apenas os funcionários do quadro da Funai podem ingressar, locomover-se e permanecer na região.
https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2022/11/01/ministerio-da-justica-envia-forca-nacional-a-terra-pirititi-onde-ha-indigenas-isolados-e-presenca-de-madeireiros.ghtml
PIB:Roraima/Mata
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