Polícia Federal descobre acampamentos e balsas de garimpo em terras indígenas de Rondônia
10 de novembro de 2022
Iury Lima - Da Revista Cenarium
VILHENA (RO) - Uma incursão em Terras Indígenas (TIs) de Rondônia, realizada nesta semana, terminou em uma nova ofensiva contra a mineração ilegal em áreas protegidas. A missão, que durou três dias, contou com agentes da Polícia Federal (PF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), reprimindo o avanço do crime ambiental no interior da Terra Indígena Roosevelt e do Parque Aripuanã.
A força-tarefa localizou e destruiu 15 acampamentos utilizados por garimpeiros, dois barcos, duas escavadeiras hidráulicas, além de 29 motosserras. Ao todo, 30 homens participaram da ação que terminou nesta última quarta-feira, 9. Dois helicópteros foram utilizados, segundo a polícia, nas abordagens e transporte das equipes da PF e fiscalizadores do Ibama.
"A inutilização dos equipamentos foi feita para que não fossem reutilizados na prática do crime ambiental, uma vez que era inviável retirá-los do local", garantiu a Polícia Federal. "A mineração ilegal produz diversos impactos ambientais e sociais, sendo uma das principais responsáveis pelo aumento do desmatamento, pelo assoreamento e contaminação de rios e nascentes - principalmente, pelo uso do mercúrio", ressaltou em nota.
Territórios
Mais de 2 mil pessoas vivem espalhadas pelas duas reservas indígenas localizadas no interior de Rondônia, segundo as contas do Instituto Socioambiental (ISA).
Na TI Roosevelt, entre os municípios de Espigão d'Oeste (RO), Pimenta Bueno (RO) e Rondolândia (MT), vivem cerca de 1.800 indígenas Cinta Larga e Apurinã. Já a população nativa do Parque Aripuanã é formada, também, pela etnia Cinta Larga e pelos Indígenas Isolados do Rio Tenente Marques. Eles chegam a quase 400 pessoas e o território deles fica entre as cidades de Vilhena (RO) e Juína (MT).
PF e Ibama utilizaram dois helicópteros durante o combate ao garimpo ilegal em territórios indígenas de Rondônia (Reprodução/PF)
Segundo a polícia, além de desativar garimpos, a operação Dubium, como foi chamada, também visou reprimir crimes ambientais associados à prática, como o desmatamento. O Estado é um dos recordistas em desmatamento da Amazônia. Nos últimos quatro anos, por exemplo, a derrubada de floresta aumentou 15% em Rondônia, segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que considera os dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Além disso, a exploração irregular de madeira também cresceu, atingindo algo em torno de 2 mil campos de futebol, em um período de 12 meses, entre agosto de 2020 e julho de 2021, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Investigações
A Polícia Federal não informou sobre o cumprimento de prisões durante a operação. Disse apenas que a extração ilegal de minérios é prevista na Lei No 9.605/98, cujo a pena é de seis meses a um ano de prisão, além do pagamento de multa.
Também de acordo com a PF, as informações colhidas pelas equipes devem contribuir para os próximos passos da investigação, que será comandada pela Delegacia de Polícia Federal, em Vilhena, a 706 quilômetros de Porto Velho, "com o objetivo de preservar as terras indígenas".
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PIB:Rondônia
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