Estudo mostra que terra indígena no Acre tem potencial para gerar créditos de carbono

Globo Rural - globorural.globo.com - 25/07/2021
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Pesquisa da Embrapa indica que evitar desmatamento pode ser negócio rentável para famílias indígenas que vivem no território dos Poyanawas

Estudo feito pelo Embrapa mostra que terras dos Poyanawas, no Acre, têm potencial para gerar créditos de carbono. O levantamento apontou que os indígenas têm priorizado atividades agrícolas em áreas já alteradas, investido na recomposição de áreas degradadas e na implantação e fortalecimento de quintais agroflorestais.

"São ações que reforçam a cultura local, aumentam e diversificam a produção agroflorestal e conservam o meio ambiente, gerando um ciclo de retroalimentação", explica Eufran Amaral, coordenador do estudo e chefe-geral da Embrapa Acre.

Nos últimos cinco anos, a média de desmatamento no território caiu de 21,3 hectares/ano para 12,8 hectares. A queda se explica pelo melhor aproveitamento das terras nas aldeias, que diminuiu o uso de florestas primárias.

Com base nos dados da biomassa florestal, da série histórica de desmatamento de 1988 a 2017, e de inventários florestais, os pesquisadores acreditam que a redução pode evitar a emissão de 6.381 toneladas de gás carbônico por ano até 2025. Isso significa que evitar o desmatamento pode ser um negócio rentável para as famílias indígenas.

De acordo com parâmetros de negociação mundial de créditos de carbono, cada tonelada evitada equivale a US$ 6. Para um período de 20 anos (2006 a 2025), como foi considerado pela pesquisa, esse valor estaria próximo dos R$ 3,9 milhões se convertido pela atual cotação.

"A compensação ambiental por créditos de carbono representa uma estratégia para criar condições para a manutenção de povos indígenas em seus territórios, além de contribuir para o fortalecimento do modo de vida e para a conservação ambiental no contexto das comunidades", defende Amaral.

Para o diretor-executivo do Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais do Acre (IMC), entidade que também participou da pesquisa, William Flores, os resultados mostram a importância das terras indígenas no contexto das mudanças climáticas.

"O Acre é pioneiro na comercialização de créditos de carbono, por meio da sua política pública instituída em 2010."

Lucieta Guerreiro Martorano, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e co-autora do estudo, destaca que as políticas de Prestação de Serviços Ambientais têm muito a contribuir para evitar o desmatamento na Amazônia.

"É preciso sair do campo do discurso e popularizar esses mecanismos, a fim de tornar o pagamento por serviços ambientais uma prática em Terras Indígenas, Unidades de Conservação, propriedades rurais e outros territórios tradicionais do país", defende.

Atualmente, tramita no Congresso o projeto de Lei 528/21 que determina a regulamentação do mercado brasileiro de redução de emissões e regulação da compra e venda de créditos de carbono no Brasil.

O estudo Desmatamento Evitado na Terra Indígena Poyanawa, Mâncio Lima, AC, Brasil faz parte de Portfólio Amazônia, que reúne iniciativas de pesquisa da Embrapa com o objetivo de encontrar novos modelos de desenvolvimento.

PIB:Acre

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