Projeto combina geração de renda em comunidades tradicionais com recuperação de áreas degradadas na Amazônia brasileira

OTCA - http://otca.org/pt/ - 09/10/2023
Projeto combina geração de renda em comunidades tradicionais com recuperação de áreas degradadas na Amazônia brasileira

out 9, 2023NOTICIAS SITE, Projeto Bacia Amazônica

Na região conhecida como Terra do Meio, localizada no interflúvio de dois importantes rios da Amazônia brasileira, o Xingu e o Iriri, que se destaca pela concentração de grande diversidade biológica e cultural, mas também por registrar em seu entorno algumas das maiores taxas de desmatamento e degradação da Amazônia brasileira, está em execução um projeto de restauração ecológica às margens de rios, nascentes e outros corpos de água, apoiado em um mecanismo econômico de incentivo coletivo voltado à estruturação da cadeia de sementes florestais.

Executada pelo Instituto Socioambiental - ISA e coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico do Brasil - ANA, com apoio da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica - OTCA, essa intervenção nacional objetiva a manutenção da provisão de serviços ecossistêmicos da floresta valendo-se de contribuições socioambientais prestadas por famílias de indígenas, ribeirinhos e agroextrativistas, com base em seus conhecimentos tradicionais e mediante geração de renda.

Na área beneficiada pelo projeto, há duas reservas extrativistas, a Resex Iriri e a Resex Xingu, e uma terra indígena, a TI Cachoeira Seca, que juntas totalizam 1,5 milhões de hectares e integram a Terra do Meio. Localizada no município de Altamira (PA), a Terra do Meio é um mosaico de aproximadamente oito milhões de hectares de áreas protegidas.

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A Rede Terra do Meio

As famílias participantes do projeto de intervenção fazem parte de uma rede de produção e comercialização de produtos florestais não madeireiros, beneficiando diretamente mais de 3.200 pessoas. A Rede Terra do Meio, que conta com 20 associações de povos indígenas e comunidades extrativistas e uma infraestrutura com 23 paióis para estocagem de produtos, 12 cantinas e seis miniusinas de beneficiamento, traz para o projeto experiência e competência na geração de renda sustentável, no fortalecimento da autonomia das comunidades, na defesa dos territórios e no acesso ao mercado através de parcerias que valorizam a flora regional e os conhecimentos tradicionais a ela associados.

Os grupos de coletores de sementes da Rede começarão em breve o plantio de florestas em áreas consideradas prioritárias e já identificadas pelo projeto. Com treinamento e assistência técnica do Instituto Socioambiental - ISA, eles estão aproveitando a estiagem para fazer a preparação do solo, trabalho que visa diminuir a biomassa de capim e plantas invasoras.

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A partir de novembro, quando começam as chuvas, os coletores farão a semeadura direta com muvuca, uma mistura de espécies nativas e de adubação verde, selecionadas e calculadas ecologicamente para criar uma vegetação estratificada e densa que imita a floresta e tem custo significativamente mais baixo do que o plantio com mudas.

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Nesta primeira fase de execução do projeto, além de estabelecidos acordos de gestão com as famílias interessadas em participar da restauração das áreas, já foram entregues e armazenadas as primeiras sementes. O processo de prospecção, identificação, caracterização e seleção de áreas a serem trabalhadas no primeiro ano da intervenção foi concluído, inclusive com a assinatura de acordos de gestão e manutenção com as associações locais.

Monitoramento e medição de serviços ecossistêmicos
Em um ano serão restaurados 25 dos 50 hectares de áreas degradadas programados pela intervenção. A metodologia de monitoramento das áreas em restauração, desenvolvida pelo ISA, será posta em prática nos 30 dias seguintes ao plantio, quando inicia-se uma sequência programada de avaliações periódicas e ações de manejo adaptativo. O objetivo é orientar as ações de manutenção e avaliar o desenvolvimento da vegetação de forma a garantir que a cobertura de nativas progrida com o tempo, evitando a proliferação de espécies invasoras.

Os serviços ecossistêmicos produzidos pela restauração dos 50 hectares de áreas degradas ao longo dos dois anos de duração do projeto serão estimados com base na evapotranspiração das árvores e no estoque e sequestro de carbono. Tomando como referência os dados sobre evaporação coletados pela NASA na Amazônia, segundo os quais a floresta lança diariamente para a atmosfera 3,6 litros de água por m2, será possível ao ISA estimar a magnitude do volume de água lançado à atmosfera pelas árvores plantadas pelo projeto de intervenção.

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Já para calcular o volume de carbono sequestrado nas áreas recuperadas, o ISA vai utilizar metodologia desenvolvida pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que consiste em calcular a remoção de CO2 pelo crescimento da vegetação em Terras Indígenas e em áreas protegidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).

O estoque de carbono será calculado com base no Mapa Global de Biomassa Florestal Acima do Solo e nos parâmetros sugeridos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para estimativa do carbono abaixo do solo.

Programa de Ações Estratégicas (PAE)

A intervenção denominada Cadeia de Sementes da Floresta: restauração ecológica e pagamentos por serviços socioambientais na bacia do Xingu é desenvolvida no contexto das ações do Programa de Ações Estratégicas (PAE), no âmbito do Projeto Bacia Amazônica (OTCA/PNUMA/GEF).

Adotado em 2017 pelos países membros da OTCA (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Guiana, Suriname e Venezuela), o PAE foi desenvolvido a partir de três objetivos norteadores: 1. fortalecimento da Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH), 2. adaptação institucional à variabilidade e às mudanças climáticas e 3. gestão do conhecimento.

Suas 19 ações estratégicas são fundamentais para promover respostas coletivas à rápida degradação dos recursos hídricos, da terra e da biodiversidade, reforçando a resiliência da população aos impactos e ameaças da variabilidade climática e fortalecendo a capacidade técnica dos países para a gestão integrada e sustentável da água.

Com o PAE como instrumento orientador da cooperação regional, os oito países da OTCA buscam beneficiar a população e os ecossistemas da Bacia Amazônica com base em considerações sociais, econômicas e ambientais equitativas.

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AMAZÔNIA BRASILEIRA | OTCA | Projeto Bacia Amazônica | Restauração Florestal | Unidades de Conservação



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Bacia do Xingu

Áreas Protegidas Relacionadas

  • TI Cachoeira Seca
  • UC Rio Iriri
  • UC Rio Xingu
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