Região no Mato Grosso do Sul é palco de conflito por terra entre Guarani Kaiowá e fazendeiros
Por Daniel Biasetto e Paulo Assad - Rio de Janeiro
24/11/2023 18h56 Atualizado há 6 dias
Três indígenas estão desaparecidos e outros 10 foram feridos em uma região de fronteira entre o Brasil e o Paraguai no Mato Grosso do Sul ao longo da última semana, segundo uma nota assinada por sete entidades, divulgada nesta sexta-feira. As agressões teriam ocorrido após uma ação de retomada de um território no município de Iguatemi (MS) por indígenas Guarani Kaiowá na última sexta-feira. Nesta quarta-feira, o jornalista canadense Renaud Philippe e a cineasta e antropóloga Ana Carolina Mira Porto foram ameaçados e agredidos por homens encapuzados, também na região.
"Na última semana, eles cobriam a assembleia indígena Aty Guasu, em Caarapó, quando receberam a denúncia dos ataques em Iguatemi. Os jornalistas seguiram ao local acompanhados de um engenheiro florestal que estava no evento, testemunha das agressões", diz a nota assinada pelo Conselho Indigenista Missionário, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Associação Brasileira de Antropologia e outras organizações.
A dupla, que estava acompanhada do engenheiro florestal Renato Galat, dirigiam-se para o território Pyelito Kue/Mbaraka'y, que seria palco de conflitos entre indígenas e fazendeiros locais. No dia 18 de novembro, famílias de indígenas ocuparam parte da área, na Fazenda Maringá. "Desde então, não haviam feito mais contato com as lideranças da aldeia antiga. As poucas informações que chegavam era de que a retomada havia sido alvo de um ataque de jagunços, e que havia indígenas feridos e mantidos em cárcere privado", diz a nota.
Segundo as entidades, o grupo responsável pela agressão aos jornalistas é o mesmo que atacou os indígenas. Um cerco teria sido feito contra as famílias no território Pyelito Kue/Mbaraka'y, privando-as de acesso a água e alimentos.
"Os indígenas, muitos deles feridos, se viram forçados a retornar, recuando da retomada. A comunidade afirma que ainda há pelo menos três pessoas desaparecidas", diz ainda a nota assinada pelo Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida, Serviço Pastoral dos Migrantes e a Campanha contra a Violência no Campo.
Após a agressão aos jornalistas, a Força Nacional foi enviada para a região. Segundo a Polícia Federal, um homem chegou a ser preso por estar com munição irregular.
"É urgente que se tomem as medidas necessárias para encontrar todas as pessoas desaparecidas e que sejam responsabilizados os agressores e seus mandantes", diz ainda nota.
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2023/11/24/apos-agressao-a-jornalista-tres-indigenas-estao-desaparecidos-e-10-feridos-dizem-entidades.ghtml
PIB:Mato Grosso do Sul
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