Aldeia pataxó de Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia, tem primeira morte por Covid-19

G1 BA - g1.globo.com/ba - 08/07/2020
Valmir Nunes Pataxó, de 68 anos, morava na aldeia Coroa Vermelha. Ele estava internado há cerca de duas semanas em um hospital de Porto Seguro.

A aldeia pataxó Coroa Vermelha, localizada em Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia, registrou o primeiro óbito por Covid-19. A morte foi do idoso Valmir Nunes Pataxó, de 68 anos, conforme informou o secretário para assuntos indígenas de Santa Cruz Cabrália, Juari Pataxó.

O idoso morreu e foi enterrado na terça-feira (7). Não há detalhes se ele sofria de alguma comorbidade. De acordo com o secretário Juari Pataxó, Valmir estava internado há cerca de duas semanas no Hospital Luís Eduardo Magalhães, em Porto Seguro, cidade a cerca de 22 km de Santa Cruz Cabrália. A primeira morte de indígena por Covid-19 registrada no sul da Bahia ocorreu em maio e foi de um idoso da aldeia Tupinambá de Olivença, na cidade de Ilhéus.

Santa Cruz Cabrália possui oito aldeias, mas apenas Coroa Vermelha tem casos registrados de coronavírus, conforme informou Juari Pataxó. Até segunda-feira (6), na aldeia, 17 índios tiveram testes positivos para o novo coronavírus, 15 já estão curados, um está em isolamento domiciliar e um morreu, que foi Valmir. A prefeitura de Santa Cruz Cabrália emitiu uma nota de pesar pela morte do idoso.

"As outras aldeias não têm casos confirmados. A aldeia Coroa Vermelha, por ser mais aberta, urbanizada, ela teve essa facilidade de contaminação, mas aldeias menores não têm casos registrados. E os índios [das aldeias menores] fazem o monitoramento das pessoas, fizeram uma barreira sanitária em parceria com o município, e isso está inibindo [o surgimento de casos]", explica Juari Pataxó.


Em abril deste ano, a comemoração do Dia do Índio chegou a ser suspensa em Coroa Vermelha e demais aldeias do extremo sul da Bahia como medida para evitar disseminação do vírus no local. Além disso, as aldeias já tinham adotado mudanças na rotina diante da pandemia.

De acordo com Juari, para evitar que os índios seja infectados pelo novo coronavírus, a Secretaria de Assuntos Indígenas, em parceria com os caciques, tem feito ações diversas, como implantação de barreiras sanitárias nas aldeias, evitar circulação de pessoas de outras localidades, doações de cesta básicas, junto à Funai e ações da Juventude Pataxó, entre outras.

O Conselho de Saúde local indígena tem acompanhando as ações da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) para combater a aumento vírus junto com a Vigilância Sanitária do município. A Secretaria de Saúde também tem feito barreiras na entrada da cidade, como aferição de temperatura, por exemplo.

Conforme aponta o último boletim do município, na noite de terça-feira, Santa Cruz Cabrália registrou 140 casos do novo coronavírus. Desses, cinco estão em internamento, 20 em isolamento domiciliar e 115 se recuperaram.

Boletim de Covid-19 entre indígenas na Bahia

Casos de Covid-19 entre indígenas

Terra indígena Ativos Curados Óbitos Total confirmados Suspeitos Total
Tupinambá de Olivença 4 32 1 37 27 64
Caramuru Paraguaçu 0 2 0 2 0 2
Coroa Vermelha 10 7 0 17 5 22
Comexatibá 7 3 0 10 8 18
Fonte: Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia

Projeto sancionado com vetos
O presidente Jair Bolsonaro sancionou, com vetos, a lei com medidas de proteção a povos indígenas durante a pandemia do coronavírus.

O texto, publicado na madrugada desta quarta-feira (8) no "Diário Oficial da União (DOU)", determina que os povos indígenas, as comunidades quilombolas e demais povos tradicionais sejam considerados "grupos em situação de extrema vulnerabilidade" e, por isso, de alto risco para emergências de saúde pública.

Bolsonaro vetou vários trechos do projeto aprovado pelo Senado em 16 de junho e antes, pela Câmara dos Deputados, em 21 de maio.


https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2020/07/08/aldeia-pataxo-de-santa-cruz-cabralia-no-sul-da-bahia-tem-primeira-morte-por-covid-19.ghtml
PIB:Leste

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