Quase 60 mulheres indígenas dos povos Gavião e Krikati, do estado do Maranhão, participaram do Curso de Formação de Brigada de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, realizado entre os dias 22 de julho e 2 de agosto. O treinamento é parte da parceria entre a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), vinculado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O objetivo da formação destinada às brigadas comunitárias indígenas é apoiar e fortalecer ações de prevenção e resposta aos incêndios florestais nos territórios em que vivem.
Além disso, o curso é uma importante ferramenta de empoderamento feminino nas aldeias, mostrando que as mulheres podem ocupar qualquer espaço e atuar na gestão e proteção territorial, como destaca a coordenadora regional da Funai no Maranhão, Edilena Krikati.
"O principal intuito das brigadas, além de ajudar nessa questão da proteção territorial como um todo, da conservação dos territórios, dessa conscientização coletiva dos nossos povos, das nossas comunidades, a brigada também traz o empoderamento para a mulher, enquanto liderança, enquanto mulher, um espaço a mais a ser ocupado na nossa organização social e também uma demonstração para a sociedade do quanto nós, mulheres, podemos avançar", celebrou a coordenadora.
Daiana Gavião, uma das brigadistas que participou do curso, também comemorou a formação, que considera uma importante ferramenta para mostrar a autonomia feminina nas comunidades indígenas. "O meu sonho daqui pra frente depois desse curso é trazer mais mulheres, para mostrar que nós temos essa capacidade de chegar aonde a gente quer. A gente tem reconhecimento do nosso território, a gente conhece as pessoas, a gente tem aquele contato com as famílias, aprende as nossas falas ancestrais e isso é super importante para nós como mulheres", destacou a brigadista indígena.
O Curso de Formação de Brigada de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais para as mulheres Krikati e Gavião contou ainda com o apoio da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima); do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID Brasil), e do World Wide Fund for Nature (WWF-Brasil). A brigadas comunitária das mulheres Xerente, do Tocantins, também contribuíram para a realização do treinamento.
O brigadista do Prevfogo/Ibama Bruno Eduardo ressalta a importância das brigadas comunitárias no apoio às brigadas contratadas pelo Prevfogo/Ibama, "Hoje a brigada comunitária tem uma função muito importante, tanto para agir na resposta a um incêndio florestal, quanto para prevenção, trabalhando muito na educação ambiental, trazendo ali o cacique, as pessoas que não sabem do assunto para perto dos trabalhos que a brigada vêm realizando dentro dos territórios", explica o brigadista, que é indígena do povo Wapichana de Roraima.
O curso
O Curso de Formação de Brigada de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais foi realizado entre os dias 22 e 26 de julho nas Terra Indígena Governador, do povo Gavião, e de 29 de julho a 2 de agosto na Terra Indígena Krikati, do povo Krikati, localizadas no Maranhão.
Um dos destaques da formação foi o dia do laboratório, em que as brigadistas tiveram a oportunidade de colocar em prática todos os aprendizados do curso, como técnicas de prevenção e conceitos de manejo integrado do fogo, queima prescrita, manuseio de ferramentas utilizadas nas atividades, além de ações de educação ambiental e proteção territorial no enfrentamento dos incêndios florestais por conta da crise climática.
O treinamento faz parte do escopo do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado entre a Funai e o Ibama. A parceria já dura mais de 10 anos e tem como objetivo a proteção ao meio ambiente e às populações indígenas. Atualmente, mais de 50% dos brigadistas do Prevfogo são indígenas, o que fortalece o respeito à cultura e especificidade de cada povo e facilita a comunicação com as lideranças. A atuação das brigadas ocorre somente após consultas prévias às lideranças indígenas.
Dessa forma, a atuação conjunta com as comunidades se torna ainda mais importante, já que os próprios indígenas trabalham na proteção dos territórios que tradicionalmente ocupam. A especialista em manejo integrado do fogo no USFS-Programa Brasil, Helaine Matos, aponta os avanços observados com cursos de formação voltados para a prevenção e combate a incêndios.
"A gente tem percebido ao longo desses anos na cooperação, nas frentes de formação de mulheres, que elas têm desenvolvido atividades de prevenção que são significativas para a proteção dos territórios e atuado também em outras frentes, que também são tão valiosas quanto, como a restauração e a recuperação de áreas degradadas", afirma.
Assessoria de Comunicação/Funai
Com Assessoria de Comunicação do USFS
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2024/pela-primeira-vez-no-maranhao-indigenas-recebem-curso-para-mulheres-para-formacao-da-brigada-indigena-feminina-comunitaria
PIB:Goiás/Maranhão/Tocantins
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