O filme " Eu sou neta dos antigos", que retrata sobre o cultivo e a valorização das sementes tradicionais de Roraima, como forma de defesa ao território e autonomia dos povos indígenas, foi lançado na noite desta quarta-feira(9), no Première Brasil Festival do Rio 2024. A estreia foi na Estação Net Gávea 3, no Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro.
Produzido em 2022, pela Mayu Filmes em parceria com o Conselho Indigena de Roraima(CIR), Instituto Socioambiental(ISA) e outros parceiros, o longa-metragem com duração 1h15, tem como protagonistas, a tuxaua geral do Movimento de Mulheres Indígenas do CIR, Kelliane Wapichana, e as lideranças e professoras indígenas, Ernestina de Souza, da comunidade indígena Willimon, e Marileia Teixeira, da comunidade indígena Pedra Preta, do povo Macuxi, da região das Serras, na terra indígena Raposa Serra do Sol, além de outras lideranças indígenas de Roraima. Desde segunda-feira (7), elas estão no Rio cumprindo agenda de lançamento do filme.
Contada pela tuxaua Kelliane, a história também reflete a autonomia e a segurança alimentar das comunidades, além de contribuir para o enfrentamento das mudanças climáticas e a violência, a resiliência e a luta dos povos indígenas pela proteção e demarcação dos territórios.
Na estreia, ao agradecer a organização, Kelliane destacou a missão de mostrar a realidade dos povos indígenas e a diversidade de sementes existentes nos territórios. " Hoje, estamos aqui no Festival do Rio mostrando a realidade dos povos indígenas, mas também a diversidade de sementes que temos em nossos territórios. Aqui temos a mostra do milho, feijão e também a defesa do território. A demarcação dos territórios mostra a vida e a terra que temos. O filme ' eu sou neta dos antigos', potencializa a força que o povo indígena de Roraima tem", destacou a Tuxaua.
Emocionadas com a estreia, as professoras ressaltaram a resistência e a existência dos povos indígenas frente às violências até hoje cometidas, principalmente na luta pela terra. " Depois de assistir o filme me sinto muito emocionada. O filme retrata a nossa resistência, persistência e a luta pelo território. Valeu a pena o sangue derramado dos nossos irmãos, isso mostra a nossa resistência. Queremos que a nossa voz e a nossa resistência, sejam respeitadas. A nossa luta vai continuar", disse Ernestina.
Marileia Macuxi, compartilhou o sentimento de alegria. " Meu sentimento é de alegria e emoção, porque conseguimos passar para o Brasil a luta dos povos indígenas de Roraima. A luta em defesa dos povos, mantendo a nossa cultura e tradição", ressaltou a professora.
O escritor brasileiro, filósofo e professor universitário, Leonardo Boff, esteve na estreia, destacando que o filme " Eu sou netas dos antigos", é uma obra de arte, pois destaca a sabedoria ancestral e faz um chamado para o cuidado com a natureza. " Eu acho que o filme ' eu sou netas dos antigos' é mais do que um filme, é uma obra de arte, porque recolhe a sabedoria ancestral dos seus povos, cuidado com a natureza, especialmente das sementes e nos dão exemplo que essa ancestralidade deles é o nosso futuro. Se nós, não cuidarmos da natureza como vocês cuidam, que o filme mostra isso, nós não temos futuro", refletiu.
Para a diretora do filme, Adriana Miranda, ao contar um pouco a trajetória de produção que começou em 2020, destacou a importância da visibilidade à causa indígena, mas também o cuidado com o planeta. " Esse filme traz a importância da visibilidade a causa indígena, mas também o cuidado com o planeta. O cinema tem um alcance muito grande e é para sempre, hoje está aqui e daqui a 50 anos, também estará. Além disso, tem um ponto importante do audiovisual, vai para qualquer lugar, não fica preso em lugar, ele viaja e isso é uma grande oportunidade para o filme e para tudo o que filme traz junto com ele", ressaltou Miranda.
Com o apoio da Lei Paulo Gustavo de incentivo à cultura e outros parceiros, a exibição no Festival continua até amanhã, e em breve, também será lançado em Roraima, especialmente nas comunidades indígenas que fizeram parte da produção cinematográfica, como Willimon e Pedra Preta. Durante a gravação, visitaram as comunidades Raimundão, na região do Alto Cauamé, Tabatinga, na região das Serras, além do Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol(CIFCRSS), na região do Surumu e no Lago Caracaranã, na Raposa.
Programa Sem Censura
Para dar visibilidade à estreia, Kelliane esteve na segunda-feira (7), no Programa Sem Censura, apresentado pela atriz, Cissa Guimarães, destacando a importância das sementes tradicionais, segurança alimentar, defesa do território e o empoderamento das mulheres indígenas.
A entrevista está disponível no canal do Programa no YouTube (https://www.youtube.com/live/X_L-k2qw65M?si=kPp5ADeBSMGPOXI8).
https://cir.org.br/site/2024/10/10/filme-sobre-sementes-tradicionais-de-roraima-e-lancado-em-festival-de-cinema-no-rio-de-janeiro/
Produção Cultural:Cinema, TV, Vídeo
Áreas Protegidas Relacionadas
- TI Raposa Serra do Sol
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