Dona de garimpo ilegal na Terra Yanomami e filho são presos pela Polícia Federal em Roraima

G1 - https://g1.globo.com/ - 31/10/2024
Dona de garimpo ilegal na Terra Yanomami e filho são presos pela Polícia Federal em Roraima
Irismar Cruz Machado, de 57 anos, a 'Íris garimpeira' foi presa na própria fazenda, localizada no município de Alto Alegre, região onde também fica parte da Terra Yanomami.

A Polícia Federal prendeu Irismar Cruz Machado, de 57 anos, dona de garimpo ilegal na Terra Yanomami, e o filho dela, numa operação de combate à exploração de minérios, como ouro e cassiterita, no território indígena. A ação foi deflagrada nesta quarta-feira (30).

"Íris garimpeira", como é conhecida, e o filho foram presos na fazenda deles, localizada no município de Alto Alegre, ao Norte de Roraima - região onde há parte da Terra Yanomami. A prisão dos dois foi decretada pela Justiça Federal. A PF ainda não divulgou detalhes da ação.


Segundo a PF, Iris garimpeira e o filho comandam "uma organização criminosa dedicada ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, às margens do Rio Uraricoera." O rio Uraricoera é uma das principais vias fluviais usadas pelos invasores para invadir o território.

Além da prisão, a PF também cumpriu mandados de buscas e apreensões na fazenda e em Boa Vista.

"As investigações revelaram o possível uso de mercenários armados na defesa dos garimpos ilegais, revelando a estrutura e periculosidade da referida organização criminosa. Além disso, estima-se que a atuação do grupo tenha causado impactos socioambientais avaliados em mais de R$ 295 milhões além da extração ilegal de aproximadamente 229 kg de ouro, avaliados em R$ 68.926.710,00 (valores atuais).", detalhou a PF.

Entre os danos estão a poluição dos rios, desmatamento e a destruição do solo. Os valores dos impactos envolvem os custo da recomposição da vegetação degradada e o custo da recuperação do solo.

Um estudo da PF apontou que entre 2020 e 2021, pelo menos um garimpo financiado pelos investigados degradou uma área de 58 hectares.

Durante a operação desta quarta, a PF apreendeu um carregamento de suprimentos e equipamentos destinados ao garimpo como mangueiras, óleos usados em maquinários, itens de higiene e alimentos, e ela também foi presa em flagrante.


Mãe e filho podem responder pelos crimes de usurpação de bens da União, extração ilegal de recursos minerais, organização criminosa, lavagem de dinheiro, porte e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e crimes contra a fauna.

O g1 procurou a defesa de Íris garimpeira e aguarda resposta.

Presa com armas em 2022
Em 2022, Íris garimpeira foi presa em flagrante pela PF com uma espingarda de calibre 22, um revólver de calibre 38, duas pistolas de 9 e 380 mm, além de diversas munições. À época, ela pagou fiança de R$ 45 mil e foi liberada.

Na ocasião, foi até a fazenda dela em busca de um foragido que se escondia na propriedade. No procedimento da prisão da época, a PF citou que as armas encontradas na casa dela tinham sido adquiridas de maneira clandestina.

Além disso, ela foi citada no relatório "Yanomami sob ataque" por suspeita de ter relação com os atiradores que abriram fogo contra a comunidade Palimiú, em maio de 2021. O documento, de autoria da associação Hutukara, citava que Iris Garimpeira era dona garimpos e que "capangas" dela "atiraram, em diferentes oportunidades, contra os indígenas da comunidade do Palimiú."


""Dona Íris" é um desses "patrões". Em 2021, seus capangas protagonizaram alguns dos eventos mais marcantes do ano no território Yanomami, quando homens encapuzados atiraram, em diferentes oportunidades, contra os moradores das comunidades do Palimiú, em retaliação às tentativas de bloqueio da logística garimpeira por parte de jovens Yanomami", citava trecho do relatório usado pela PF em contexto sobre a prisão dela.

Palimiú fica às margens do Rio Uraricoera, rota usada pelos garimpeiros para acessar os acampamentos no meio da floresta. Os ataques aconteceram no dia 10 de maio de 2021.

A ação de "capangas" da suspeita, segundo o relatório da Hutukara, foi uma retaliação às tentativas de bloqueio da logística garimpeira feita por jovens Yanomami. Além disso, os indígenas também interceptaram um barco com 900 litros de combustível que seria enviado para o garimpo da garimpeira.

https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2024/10/31/adepara-cancela-registros-de-fazendas-ilegais-na-terra-indigena-apyterewa-apos-recomendacao-do-mpf.ghtml
PIB:Roraima/Mata

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