A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) denunciou, na noite dessa sexta-feira, 4, por meio das redes sociais, mais um ataque ao povo indígena Avá-Guarani da Terra Indígena (TI) Tekoha Guasu Guavirá, localizada entre Guaíra e Terra Roxa, no Oeste do Paraná. De acordo com a entidade, o ataque deixou quatro pessoas feridas, de 7, 14, 25 e 28 anos. Elas foram levadas para o Hospital Bom Jesus de Toledo. Não há detalhes sobre o estado de saúde das vítimas.
"Estamos cercados neste momento. Está havendo tiros por todos os lados", relataram lideranças indígenas em mensagem enviada à Apib e divulgada nas redes sociais.
A denúncia relata que o povo Avá-Guarani tem sido alvo de ações violentas por parte de pessoas não indígenas insatisfeitas com a retomada dos territórios tradicionais pelos indígenas. Os ataques persistem mesmo com a presença da Força Nacional na região e vêm ocorrendo desde o dia 29 de dezembro de 2024.
Apelo
A Apib fez um apelo ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e ao Judiciário para intervirem e cessem os ataques contra os indígenas da região. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), desde o início da onda de violência, um indígena foi baleado no braço no dia 31 de dezembro, e outra indígena sofreu queimaduras no pescoço no dia 30. Além disso, barracos e plantações foram incendiados e deixaram famílias desabrigadas e sem acesso a alimentos ou água potável.
O primeiro ataque, registrado no dia 29, ocorreu de forma inesperada quando pessoas atearam fogo na vegetação e nas plantações, incendiaram barracos, realizaram disparos de armas de fogo e lançaram bombas contra a comunidade.
Em um manifesto intitulado "S.O.S Aldeia Yvy Okaju Corre Risco de Extermínio", divulgado em 23 de novembro, os Avá-Guarani já alertavam sobre as ameaças constantes. "Recebemos um recado de que, no dia 25 de dezembro de 2024, os brancos estão se organizando para realizar um novo ataque contra nossa comunidade", destacou o documento.
Diante do agravamento da tensão, o MJSP autorizou, ainda em dezembro, o emprego permanente da Força Nacional de Segurança Pública na região. No entanto, instituições indigenistas consideram a atuação dos militares ineficaz.
Conflito histórico
O conflito no local tem raízes históricas e remonta à época da construção da Hidrelétrica Itaipu Binacional, que expulsou os Avá-Guarani de suas terras para viabilizar a obra. Atualmente, a comunidade luta para retomar suas terras ancestrais, enfrentando resistência e violência constantes.
https://agenciacenarium.com.br/novo-ataque-a-indigenas-ava-guarani-deixa-quatro-feridos/
PIB:Sul
Áreas Protegidas Relacionadas
- TI Tekohá Guasu Guavira
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