O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) convocou a Força Nacional e solicitou o aumento do efetivo para atuar no combate aos ataques promovidos contra o povo Avá Guarani, na na Terra Indígena Tekoha Guasu Guavira, no estado do Paraná.As ofensivas contra a comunidade se estendem desde o final de dezembro de 2024, tendo deixado ao menos 6 pessoas feridas por disparos de arma de fogo em um ataque registrado no último domingo do ano, 29.
Em nota divulgada nesse sábado, 4, o MPI enfatiza que a convocação do apoio da Força Nacional ao território, baseada na Portaria do Ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP) no 812, de 21 de novembro de 2024, tem vigência até 20 de fevereiro.
De acordo com o texto, a presença da Força Nacional no território é resultado da articulação com os órgãos de segurança pública do Paraná e "atende ao pedido do MPI ao MJSP para evitar atos de violência contra os indígenas, mobilizados pela garantia de seus direitos territoriais". Ataque ao povo Avá-Guarani: suspeitos seriam pistoleiros ligados ao agronegócioAinda no sábado, 4, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), a Articulação dos Povos Indígenas do Sul do Brasil (Arpin Sul), a Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpin Sudeste) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgaram uma nota denunciando e repudiando os ataques sofridos pelos Avá-Guarani, incluindo queimadas em casas e vegetações do território.
"Neste período, todas as noites, homens armados invadiram a comunidade Yvy Okaju (antigo Y'Hovy), na Terra Indígena (TI) Tekoha Guasu Guavirá, queimaram barracos, dispararam com pistolas, espingardas e rifles e lançaram bombas contra os indígenas, que estão aguardando pela conclusão da demarcação de suas terras. Várias pessoas ficaram feridas, inclusive crianças, vítimas do tiroteio", diz um trecho da notaO texto revela ainda que, após a busca por socorro em unidades de saúde, as vítimas teriam sido mal atendidas. "Aqueles que foram feridos por armas de fogo continuam com as balas nos corpos", destaca outro trecho. A principal suspeita, segundo a Apib, é de que pistoleiros "mascarados e armados", ligados ao agronegócio, estejam por trás dos ataques.
De acordo com o último relatório "Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil", publicado em julho de 2024, o cenário de violência violências e violações contra os povos originários e seus territórios persiste.Os dados de 2023 revelam um total de mais de 411 registros de "Violência contra a Pessoa" no país, vinculadas aos povos indígenas. Os números incluem casos de abuso de poder (15); ameaça de morte (17); ameaças várias (40); assassinatos (208); homicídio culposo (17); lesões corporais (18); racismo e discriminação étnico-cultural (38); tentativa de assassinato (35); e violência sexual (23). Ataque ao povo Avá-Guarani: sequência de ataques já dura uma semanaEm um ataque mais recente, denunciado pela Cimi na sexta-feira, 3, quatro Avá-Guarani foram atingidos por tiros. De acordo com as denúncias, na ocasião, uma criança de 4 anos foi atingida na perna, um jovem foi alvejado nas costas, outro indígena também foi ferido na perna e um quarto Avá-Guarani foi atingido no maxilar por um disparo efetuado com munição de grosso calibre.
Na terça-feira, 31, por volta da meia-noite, criminosos atearam fogo e dispararam rojões em direção a terra indígena. Um indígena foi atingido no braço e precisou ser encaminhado ao hospital. Na noite anterior, 30, uma pessoa teve queimaduras no pescoço após um ataque parecido no mesmo local. Ainda na segunda-feira, 30, peritos recolheram cápsulas de bala calibre 38 na comunidade. Após a retirada da equipe da Polícia Federal, as ofensivas recomeçaram. Em nota, o MPI informou que, em dezembro de 2024, foi realizada uma agenda interministerial junto aos Avá-Guarani, no âmbito da Sala de Situação para Acompanhamento de Conflitos Fundiários Indígenas. De acordo com o texto, a ação tinha como objetivo coletar informações sobre as condições de vida das comunidade para "identificar suas necessidades em contexto de contínua luta pelo território e pela manutenção de sua cultura".
Ataque ao povo Avá-Guarani: denúncias são antigasEm novembro de 2024, a comunidade do povo Avá Guarani havia denunciado, durante uma reunião com o próprio MPI, a possibilidade dos ataques serem realizados durante o final do ano passado. Em 2023, os moradores do território já tinham sido alvos de ataques a tiros no mesmo período do ano. Além disso, o povo teve seus animais torturados por integrantes de milícias armadas. De acordo com a nota divulgada pelas entidades, os grupos responsáveis pelos ataques formam "verdadeiras milícias paramilitares a serviço dos interesses do agronegócio da região", atuando com "absoluta impunidade, ameaçando e anunciando morte aos Avá-Guarani em áudios que circulam em redes sociais".
https://www.opovo.com.br/noticias/brasil/2025/01/05/forca-nacional-e-convocada-apos-ataque-em-terras-indigenas-no-parana-ofensivas-ja-duram-uma-semana.html
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