Pistoleiros a serviço do latifúndio atacaram nesta madrugada (11/3), de forma simultânea, a aldeia Monte Dourado, na Terra Indígena (TI) Comexatibá, em Prado, na Bahia (BA), e a TI Barra Velha do Monte Pascoal, em Porto Seguro, extremo sul do Estado.
O jovem indígena do povo Pataxó Vitor Braz, foi assassinado durante o ataque na TI Barra Velha do Monte Pascoal. Além de Vitor, um outro jovem Pataxó foi alvejado e submetido a uma cirurgia na manhã de hoje.
Em nota divulgada, o Conselho de Caciques Pataxó (CONPACA) afirmou que "Vitor Braz foi cruelmente assassinado por pistoleiros em um ataque orquestrado por fazendeiros, e outros dois adolescentes seguem desaparecidos."
Na declaração, os caciques afirmaram que o ataque faz parte de uma série de violações e ataques ao seu povo e afirmaram que não abandonarão a luta pela sobrevivência de seu povo e que não entregarão seu território para "invasores que, com suas mão manchadas de sangue" tentam exterminar o povo Pataxó.
O ataque na Aldeia Monte Dourado não deixou feridos, mas os pistoleiros incendiaram a casa do cacique da aldeia. Vídeos registram uma parte da casa completamente destruída enquanto as pessoas correm às pressas para conter as chamas.
Ataque coordenado
Os ataques ocorreram no momento em que uma delegação de mais de 300 indígenas dos povos Pataxó e Tupinambá se encontra em Brasília para exigir e pressionar a demarcação imediata de suas terras.
O cenário do assalto latifundista indica que os ataques foram coordenados como uma tentativa dos latifundiários de intimidar a luta indígena pela terra. Esses ataques têm se tornado cada vez mais comuns pelo Brasil, pela atuação de bandos de extrema-direita como os afiliados no movimento "Invasão Zero".
O ataque ocorreu às vésperas de uma audiência convocada pelo Ministério Público Federal (MPF) para discutir a demarcação de TIs no sul da Bahia. Mais de 300 indígenas dos povos Pataxó e Tupinambá se encontram na capital federal para exigir a demarcação de suas terras, processo esse que se encontra congelado há pelo menos 10 anos.
Violência crescente
Os jovens do povo Pataxó frequentemente são alvo de assassinatos, torturas e outros tipos de violação por parte do latifúndio e da Polícia Militar (PM). Entre setembro de 2022 e janeiro de 2023, ao menos quatro jovens Pataxó foram assassinados, sendo policiais militares os principais suspeitos.
Nos últimos anos, a guerra do latifúndio baiano contra os povos indígenas se recrudesceu, como parte do aumento da violência reacionária no campo, impulsionada a nível nacional pela extrema-direita bolsonarista. Um caso esdrúxulo foi o assassinato da indígnea Nega Pataxó, em janeiro de 2024, pelo filho de um latifundiário durante um assalto feito pelo grupo paramilitar "Invasão Zero" em uma TI de indígenas Pataxó Hã-Hã-Hãe. Na ocasião, os indígenas relataram que a Polícia Militar garantiu a segurança do fazendeiro e de seus pistoleiros.
Menos de um ano depois do crime, o assassino José Eugênio Fernandes Amoedo foi solto sob pagamento de fiança, apesar de ter confessado o crime e a perícia ter comprovado que a bala partiu da arma encontrada com ele. O preço pago para matar foi de R$ 28.240. Longe de ser exceção, esse tipo de impunidade é uma regra para os latifundiários, o que potencializa a onda de crimes cometidos contra os pobres do campo.
https://anovademocracia.com.br/pistoleiros-ataque-coordenado-pataxo/
PIB:Leste
Áreas Protegidas Relacionadas
- TI Comexatiba (Cahy-Pequi)
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